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Fonte: Teletime
[01/07/13]
Operadores de MMDS temem não concluir negociação com todas as teles dentro do
prazo - por Helton Posseti
Alguns operadores de MMDS já começam a se preocupar com a falta de interesse de
algumas teles móveis na negociação da indenização devida pelo arremate das
faixas de 2,5 GHz antes usada pelo MMDS. E a razão da preocupação é o fato de
duas empresas, das quatro que compraram os blocos nacionais no leilão do 4G,
ainda não terem dado qualquer sinal no sentido de acatar a determinação da
Anatel, que publicou os valores a serem pagos no Diário Oficial da União, de 22
de maio de 2013. "Com duas delas estamos em estágio avançado de negociações e
temos indicativo de pagamento, mas as outras duas sequer retornam os contatos",
afirma o diretor-presidente da Neotec (associação que representa um grupo de
operadores de MMDS), Carlos André de Albuquerque, sem revelar os nomes das
empresas.
O primeiro passo para que a faixa pudesse ser leiloada foi a publicação da
Resolução 544/2010, que destinou 120 MHz da faixa de 2,5 GHz para o Serviço
Móvel Pessoal (SMP). A Resolução 544 determina também que as vencedoras do
leilão devem arcar com os custos de "substituição ou remanejamento" até 30 de
junho de 2013, para desocupação das faixas. Depois disso, no edital de venda das
faixas, ficou estabelecido que o pagamento deveria ser realizado até quatro
meses após a publicação dos termos de autorização no Diário Oficial da União
(DOU) ou até 31 de março de 2013, sendo que ambos os prazos não foram cumpridos.
Como as operadoras móveis e as empresas de MMDS não chegaram a um acordo, e
conforme previsto na Resolução 544/2010 e no próprio edital, a Anatel em maio
definiu um valor, que seria usado em caso de arbitragem, e deu um novo prazo
para que o pagamento fosse efetuado: 21 de julho. A data se aproxima e a Neotec,
que está responsável pela negociação em nome de 14 empresas, teme que alguns
empresários possam passar por dificuldades. "Essas empresas resolveram acatar o
montante determinado pela Anatel, reconhecendo o esforço da agência na mediação
do conflito. No entanto, a maioria delas receberá pouco (pela indenização). O
valor é importante, seja para ajudar na reconstrução das redes e migração de
assinantes para outros sistemas ou para pagar dívidas com fornecedores e até
mesmo com funcionários eventualmente demitidos por força da redução do espectro
e diminuição de seus negócios", relata Albuquerque.
O valor definido pela Anatel, somando todas as empresas, é de R$ 314 milhões a
ser pago na proporção do tamanho da faixa adquirida por cada uma no leilão.
Assim, a Oi e a TIM pagariam um sexto cada e a Claro e Vivo um terço cada.
Um estudo elaborado pela LCA, a pedido da Oi, TIM e Claro, mostra que para as
teles o valor justo é bem diferente daquele que será usado pela Anatel caso
essas negociações venham a ser arbitradas pela agência. Segundo a consultoria, a
indenização deveria variar de R$ 9 milhões a R$ 24 milhões, conforme a
tecnologia escolhida pela operadora de MMDS para continuar suas operações. Por
outro lado, o valor estimado pela Neotec e por outras operadoras de MMDS é bem
superior ao proposto pela Anatel.
A diferença entre valores (da ordem de dez vezes), explica Carlos André de
Albuquerque, é porque "aparentemente" algumas teles têm um entendimento de que
os valores pagos não devem abarcar o custo de construção de novas
infraestruturas de rede nem tem o caráter de compensar as empresas pelo término
antecipado das suas autorizações. Pelo estudo apresentado pela LCA, parte dessa
indenização deveria ser paga pelo governo.
Procuradas, a Oi, a TIM e a Claro responderam que não iriam se manifestar sobre
o assunto. Já a Vivo informou que seus diretores estavam fora da empresa e por
isso não puderam atender à reportagem.