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Leia na Fonte: Estadão
[25/05/19]
Celulares 5G são o novo alvo de Moscou - por William J. Broad, The New York
Times
Segundo especialistas, a capital da Rússia está interessada fundamentalmente em
minar a vantagem dos EUA na corrida global pelo futuro digital
Os celulares conhecidos como 5G, quinta geração de internet móvel ou quinta
geração de conexão móvel sem fio, representam a vanguarda desta era rica em
interconectividade. A nação que dominar a nova tecnologia terá uma vantagem
competitiva por grande parte do século, afirmam os analistas.
Mas uma rede de televisão vem despertando preocupações. “Isto poderá matar
você”, declarou recentemente um repórter de TV aos telespectadores. As agências
de inteligência dos Estados Unidos identificaram uma rede de TV russa, a RT
America, como a principal fonte de interferência nas eleições presidenciais de
2016. Agora, esta mesma rede está relacionando o 5G ao câncer cerebral, à
infertilidade, ao autismo, a tumores do coração e à doença de Alzheimer -
afirmações que carecem de suporte científico.
Entretanto, enquanto a RT America se esforçava ao máximo para atiçar os temores
dos telespectadores americanos, o presidente da Rússia, Vladimir V. Putin,
ordenou o lançamento do sistema 5G em um tom otimista. “Precisamos olhar para o
futuro”, declarou, segundo a agência de notícias russa Tass. “O desafio dos
próximos anos é organizar o acesso universal à internet de banda larga, a fim de
começarmos a operar com o sistema de comunicações de quinta geração”.
O 5G também constitui um ponto de atrito cada vez maior entre Washington e
Pequim, em que cada lado procura aliados para esta verdadeira corrida
tecnológica. Acredita-se que Moscou e Pequim estejam formando um bloqueio
político ao novo sistema. Ao que tudo indica, centenas de blogs e sites estão
recebendo alarmes contra o 5G da rede, e raramente se dão conta de suas origens
russas.
Anna Belkina, diretora de comunicações da RT em Moscou, defendeu a cobertura do
5G da rede. “Ao contrário de muitas outras mídias, nós mostramos a amplitude do
debate”, afirmou. Todos os celulares utilizam ondas de rádio. A RT America
refere-se aos sinais como “radiações”, associando-os a raios muito fortes na
extremidade do espectro eletromagnético, como os raios-X e os raios
ultravioletas, que em grandes doses podem prejudicar o DNA e causar câncer. Mas
as ondas de radio usadas nas comunicações dos celulares encontram-se na
extremidade oposta do espectro, entre as frequências das transmissões
radiofônicas e as cores do arco-íris de luz visível.
As frequências empregadas no 5G permitem a transmissão de um volume maior de
informações a uma velocidade maior. Robôs, drones e automóveis deverão usar o
5G. Os que o desaprovam, afirmam que as altas frequências tornarão os novos
celulares e as torres de celulares mais perigosos. “Quanto mais alta a
frequência, mais perigosa ela é para os organismos vivos”, disse um repórter da
RT aos telespectadores.
A verdade é exatamente o oposto, afirmam os cientistas. Quanto mais alta a
frequência do rádio, menos ela penetra na pele humana, reduzindo a exposição dos
órgãos internos do corpo. A RT America busca os ativistas contrários aos
celulares a fim de estender a sua campanha. Há dezenas de anos, os celulares, as
linhas de transmissão e outras fontes diárias de ondas eletromagnéticas vêm
sendo submetidos a críticas. Grande parte do seu trabalho não aparece nas
revistas científicas conceituadas, mas em relatórios pouco conhecidos e em
publicações e material publicado por particulares.
“A RT alimenta com sucesso o ecossistema interessado na conspiração”, disse John
Kelly, diretor executivo da Graphika, uma empresa de análise de redes. “Esta
iniciativa está tendo consequências concretas”.
Ryan Fox, da New Knowledge, uma empresa que monitora a desinformação, disse que
a campanha agressiva da rede sobre o 5G sugere que Moscou está interessada
fundamentalmente em minar a vantagem dos EUA na corrida global pelo futuro
digital. “É a guerra da informação”.
SOPHIA KISHKOVSKY CONTRIBUIU PARA A REPORTAGEM