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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[21/01/20]
Convivência da 5G com TV por satélite ainda não é certa. Testes continuam em
março - por Rafael Bucco
Anatel pediu detalhes a operadoras satelitais sobre o impacto da possível
liberação de mais 100 MHz da banda C para o serviço de telefonia móvel.
Aconteceu hoje, 21, em Campinas (SP), a apresentação de resultados da segunda
bateria de testes realizados pelo CPqD a pedido das operadoras móveis quanto à
convivência de redes 5G em 3,5GHz com serviço de TV aberta satelital, a TVRO, na
banda C. Conforme apurou o Tele.Síntese, os testes feitos em laboratório
mostraram que a convivência é possível, no entanto não foram conclusivos.
O grupo de técnicos e representantes de empresas reunidos concordou em realizar
mais testes em campo, saindo-se do ambiente controlado do laboratório, a partir
de março.
Em outra vertente, a Anatel também começou a levantar material sobre a
possibilidade de liberar espectro em banda C para a 5G. Proposta do
SindiTelebrasil, apresentada em dezembro juntamente com os cálculos dos custos
de harmonização sugeria a inclusão de pelo menos mais 100 MHz de espectro já no
próximo leilão. Assim, o certame, que até o momento prevê a licitação de
frequências entre 3,3 GHz e 3,6 GHz, chegaria aos 3,7 GHz, com a faixa entre 3,7
GHz e 3,8 GHz funcionando como guarda.
Na última semana a agência enviou cartas a empresas de satélite pedindo
informações sobre o impacto resultante da aplicação de tal alternativa.
Tecnicamente é possível empurrar os serviços hoje na banda C entre 3,6 e 3,8 GHz
para frequências mais altas, desde que seja realizada a digitalização dos
sinais.
No entanto, haveria um custo com o qual as operadoras de satélite ou seus
clientes não querem arcar. Além da digitalização, haveria atualizações nos
headends (receptores profissionais). A adaptação exigiria instalação de filtros
e um cronograma para funcionamento de dupla eliminação, com carregamento de
canais em banda mais baixa e mais alta até o desligamento definitivo na banda
mais baixa. Também, poderia haver casos em que canais hoje em um satélite com
banda alta ocupada tivessem de migrar para outro.
Por isso, já há operadora satelital analisando o impacto sobre business case
para o Brasil, levando-se em conta a redução da banda a que teria direito. A
expectativa é de que as operadoras de satélite percam pelo menos 75 MHz dos 500
MHz que vêm usando.
Há perda de valor ou encolhimento do serviço? Haveria redução da receita
esperada conforme a vida útil restante dos satélites? A perda com o desligamento
de transportes seria de que monta? São perguntas que as empresas vão responder,
mas não até fevereiro, como pediu a Anatel.
É provável que as operadoras de satélite enviem, cada uma, um documento
preliminar, aprofundem os estudos sobre o impacto em seus negócios, e o remetam
em outra oportunidade. Isso porque o edital ainda não está definido, passará por
consulta pública, e não há consenso no segmento, por enquanto, sobre a solução
ideal.