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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[29/01/20]
Teles e TVs fecham acordo para solução da interferência no espectro da 5G -
por Miriam Aquino
O acordo prevê que a mitigação da interferência da 5G na transmissão da TV por
parabólica acontecerá conforme a proposta das teles – com filtros nos
equipamentos e deslocamento dos canais para espectro mais alto – e as emissoras
de TV desistem de migrar para a banda KU, mas têm a garantia da permanência da
empresa que fez a digitalização da TV (EAD) e R$ 1 bilhão para a conclusão dessa
digitalização no interior do país.
Começou a ser costurado hoje, 29, os termos do acordo entre as emissoras de
radiodifusão e as operadoras de celular para uma solução comum para resolver o
problema da interferência que a tecnologia 5G irá provocar nas transmissões das
antenas parabólicas, conhecidas como TVRO, quando da ocupação da frequência de
3,5 GHz a ser leiloada pela Anatel. Com esse acordo, fica apontado o caminho
para a solução técnica do problema, terminando assim um dos principais
obstáculos para a realização do leilão.
Em linhas gerais, as operadoras de telecomunicações continuam a trabalhar em sua
proposta de mitigação do problema com a colocação de filtros na faixa de 3, 8
GHz, com deslocamento dos canais de TVRO que estão na “banda C estendida” para
as faixas mais altas.
A primeira proposta da Anatel seria licitar 300 MHz nessa banda, mas o próprio
Ministério da Ciência Tecnologia, Inovações e Comunicações entendia que era
preciso alocar mais frequência, no mínimo 400 MHz, para essa nova tecnologia. As
operadoras de celular formataram, então, no final do ano passado, uma nova
proposta, subindo mais 100 MHz na escala desse espectro, passando a abocanhar um
pedaço da frequência hoje destinada aos operadores de satélite. O que significa
que deverá haver também uma previsão de ressarcimento no leilão para esses
players, gasto que será infinitamente menor à solução que era pleiteada pelas
emissoras de TV.
Os radiodifusores, por sua vez, propunham que todas as emissoras de TVRO fossem
deslocadas para outra frequência completamente diferente – a banda KU dos
satélites – e o argumento era que assim ficaria liberada integralmente a
frequência de 3,5 GHz para o serviço celular. Mas, na verdade, com essa mudança,
as operadoras de celular estariam, na prática, financiando não apenas a
digitalização de várias emissoras, mas um novo modelo de negócios dessas
empresas.
O acordo
Mas havia uma reivindicação mais importante para os radiodifusores, que acabou
possibilitando o acordo. Trata-se do dinheiro que restou da digitalização da TV
aberta, cujo processo se encerrou no ano passado. As operadoras de celular
destinaram R$ 3,6 bilhões para ressarcir as emissoras e os telespectadores de
baixa renda para essa digitalização, ao comprarem a frequência de 4G, de 700
MHz, em leilão da Anatel.
As metas foram todas cumpridas, e sobraram recursos- quase R$ 1,5 bilhão na
conta EAD (a empresa criada pelas operadoras de celular para executar o processo
de digitalização em todo o Brasil). E começou a nova disputa- o que fazer com
esse dinheiro que sobrou. As emissoras de TV reivindicam o seu quinhão para
digitalizar todas as emissoras abertas do interior do Brasil. As operadoras de
celular, por sua vez, alegavam que o dinheiro era delas, e que, por isso,
deveria se reverter em projetos de telecomunicações.
Caberia à Anatel, através do grupo coordenador – conhecido como Gired – bater o
martelo. Mas, para isso, a agência esperava uma nova orientação de política
pública do MCTIC determinando como deveria ser a utilização desses recursos. E
as operadoras, por sua vez, pressionavam para acabar com a EAD. Elas
argumentavam que a empresa tinha sido criada por determinação do edital de
licitação para um único fim e que, por isso, não poderia continuar a existir. As
emissoras de TV , por sua vez, adoraram a atuação dessa empresa e contavam com
ela para continuar o processo de digitalização da TV aberta. Assim, o acordo
prevê a destinação de R$ 1 bilhão para os projetos dos radiodifusores e R$ 500
milhões para os da teles.
Assim, firmou-se o entendimento. As teles continuam com as iniciativas para
mitigar a interferência ampliando a frequência, colocando e distribuindo filtros
para cerca de 18% da população urbana que poderá ser afetada com a perda do
sinal de TVRO e aceitam manter a EAD e apoiar o projeto de digitalização das
emissoras de TV. O acordo deverá ser apresentado ao Executivo e à Anatel, para
ser sacramentado, transformado em política pública e em regras editalícias.
Leia, abaixo, a nota conjunta emitida pelas entidades setoriais representativas
das operadoras, Sinditelebrasil) e das emissoras de TV aberta (Abert e Abratel).
NOTA CONJUNTA À IMPRENSA: Convivência entre TVRO e 5G
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão – ABERT, a Associação
Brasileira de Rádio e Televisão – ABRATEL e o Sindicato Nacional das Empresas de
Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal – SINDITELEBRASIL, informam que
realizaram uma série de reuniões com a finalidade de discutir propostas de
soluções que permitam a convivência entre os serviços de TV aberta por satélite
(TVRO) e de banda larga de quinta geração (5G).
Considerando os últimos resultados apresentados pelo Centro de Pesquisa e
Desenvolvimento – CPqD, decorrentes da utilização de novos modelos de filtros
LNBFs e de uma banda de guarda de 100MHz na faixa de 3,7 GHz a 3,8 GHz, as
signatárias compreendem que se torna possível a adoção de uma solução técnica de
mitigação de eventuais interferências, mantendo a TVRO na Banda C, ressaltando
ainda que nos próximos meses serão realizados testes complementares de campo
pelo CPqD que poderão confirmar os resultados obtidos até o momento.
Ao reconhecerem a relevância da TVRO e do 5G para a sociedade brasileira, as
signatárias estabelecerão nos próximos dias um cronograma de trabalho que
permita a apresentação tempestiva de uma proposta conjunta ao Poder Público,
mais especificamente ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações – MCTIC e à Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel.
ABERT
Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão
ABRATEL
Associação Brasileira de Rádio e Televisão
SINDITELEBRASIL
Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e
Pessoal