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Leia na Fonte: Teletime
[10/08/21]
Superestimativa de antenas 5G levaria a erro na metodologia da Anatel, diz TCU
- por Bruno do Amaral
O relatório da área técnica do Tribunal de Contas da União antecipado na
segunda-feira, 9, por TELETIME, aponto erros de cálculo da Anatel para a
precificação das faixas, sobretudo a de 3,5 GHz, no edital do 5G. Em geral,
porque teria havido um erro na metodologia para considerar localidades
economicamente inviáveis para as operadoras implantarem a tecnologia e, por
isso, acabariam tendo gastos de mais de R$ 27,3 bilhões em compromissos
considerados para a conta da União. Boa parte dos erros se refere à
superestimativa de estações radiobase (ERBs).
Um fator que alterou a precificação foi a identificação de "inconsistência
relevante" na quantidade de estações radiobase na faixa, gerando um "superestimativa"
de ERBs "incompatíveis com a realidade das localidades a serem atendidas".
Conforme o relatório, as projeções chegam a ser oito vezes superiores ao número
"teoricamente necessário" para cobrir a área, "sendo evidência da ocorrência de
erros nos resultados calculados na modelagem de precificação da faixa e dos
compromissos de investimento a ela associados".
Claro, isso tudo eleva os valores de investimentos e impactam na modelagem do
certame. Isso decorreu na superestima de municípios considerados "indevidamente"
sem atratividade econômica, automaticamente deixando-os de fora do cálculo do
valor da faixa. Assim, eles seriam atendidos por meio de compromissos de
investimento, o que os técnicos do TCU consideram que aumenta o montante a ser
custeado pela União, impactando indiretamente os preços mínimos para a faixa.
"Tal arranjo configura potencial dano ao erário."
Como exemplo, cita a cobertura indicada pela Anatel para a cidade de Guaraí
(TO), que teria 62 estações radiobase necessárias para o atendimento do
distrito-sede. Mas a área urbana do município seria muito menor e, por isso,
demandaria muito menos antenas. A superestimativa teria indicado que o município
teria inviabilidade econômica com um valor presente líquido de R$ 277,2 milhões.
E, por isso, deixou de ser contabilizado no cálculo da faixa de 3,5 GHz.
Figura-5 - Cobertura aproximada de uma ERB em 3,5 GHz para a cidade de Guaraí
(TO)
Ao falar de educação, contudo, o documento sinaliza também uma baixa estimativa
de estações ao tratar da densidade de antenas em cidades com menos de 30 mil
habitantes. Utilizando como exemplo o município de Lagoa Vermelha (RS), que
teria uma meta de apenas uma ERB com operações apenas a partir de 31 de dezembro
de 2026. Conforme mostra a figura, com o raio de cobertura da antena de 600
metros, haveria uma "grande parte do município sem cobertura 5G, e assim uma
parcela das escolas urbanas podem ficar sem cobertura".
Figura-10 - Cobertura aproximada do compromisso 5G para o Minicípio de Lagoa
Vermelha
Contas questionadas
Além desses fatores,
conforme já havia noticiado TELETIME, área técnica do TCU critica a
conclusão de que em apenas 60 municípios (1% do total) haveria atratividade
econômica para a exploração do 5G em 3,5 GHz. Por isso, os 99% restantes foram
considerados como obrigação para compromissos de investimento. Além disso, a
Anatel teria colocado essas metas para todos os vencedores do leilão, o que
resultaria em uma sobreposição de investimentos na ordem de R$ 13,5 bilhões.
Conforme indica o documento: "Na prática, de acordo com o modelo definido pela
Anatel, a instalação de boa parte da infraestrutura necessária à prestação do
serviço em 5G em cidades como Brasília, Salvador, Guarulhos, Campinas, São Luís,
Porto Alegre, Maceió, Niterói, Uberlândia, São José dos Campos, entre outros,
será custeada com recursos públicos pela União, representando um gasto de R$
18.381.066.408,00 para a soma dos quatro lotes nacionais, e R$ 7.002.375.201,00
para a totalidade dos lotes regionais."
Ou seja, um total de mais de R$ 25,3 bilhões somente considerando esses lotes de
3,5 GHz. Somam-se a isso R$ 4 bilhões correspondente às obrigações com
municípios de menos de 30 mil habitantes, que, segundo o relatório, teve a
precificação alterada por compromissos antes de serem estabelecidos pela minuta
do edital. A alegação dos técnicos do Tribunal é que houve desconto no preço
mínimo dos lotes regionais, e que isso seria um potencial dano ao erário. A
proposta é de rever os cálculos associados aos compromissos de abrangência
nesses lotes.
Outro fator que o parecer considera relevante é um "equívoco" na taxa de
depreciação de torres metálicas e cabos de fibra óptica, o que resultaria em um
volume de investimentos de mais R$ 40 bilhões na soma dos preços mínimos das
faixas. Por isso, propõe que seja encaminhada determinação à Anatel para que se
ajustem os valores. Por outro lado, os cálculos para a limpeza do 3,5 GHz
podem ter sido superestimados.