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Leia na Fonte: Teletime
[18/08/21]
Decisão do TCU sobre o edital do 5G é adiada por uma semana, mas já há maioria
- por Bruno do Amaral
Em reunião extraordinária que durou mais de cinco horas nesta quarta-feira, 18,
foi adiada por uma semana no plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) a
decisão sobre o edital do 5G. Mesmo observando a urgência do tema, o ministro
Aroldo Cedraz pediu vista à proposta de acórdão do ministro relator Raimundo
Carreiro, justificando que acolhe o entendimento do parecer da área técnica (Seinfracom).
No entanto, sete ministros já apresentaram manifestação a favor do relatório de
Carreiro.
O pedido de vista tem duração de uma semana. Inicialmente foram sugeridos 60
dias, mas os demais ministros solicitaram mais brevidade. Após um debate
acalorado, Cedraz aceitou reduzir o período para 30 dias, mas o colegiado
utilizou a prerrogativa de alterar de forma excepcional esse prazo, por sugestão
do ministro Jorge Oliveira, único ministro do TCU até aqui indicado pelo governo
Bolsonaro.
Cedraz contemplava metade do tempo para que a Seinfracom "complete a análise
técnica" – segundo ele, a Seinfracom precisou correr com o parecer diante da
pressão dos prazos mais curtos. Depois, haveria mais um quarto do tempo ao
gabinete do ministro para o estudo e elaboração do voto, e o restante para que
os demais ministros possam analisar o novo documento.
Os ministros João Augusto Nardes, Jorge Oliveira, Marcos Benquerer (substituto
de Benjamin Zymler), Walton Alencar e Vital do Rêgo já anteciparam por
acompanhar integralmente o voto de Raimundo Carreiro. Cabe lembrar que Alencar e
Rêgo viajaram com o ministro Fábio Faria na "missão 5G". Bruno Dantas, que
também participou da comitiva, votou acompanhando o relator, mas entendeu que o
pedido de vista não causaria problema algum e "em nada atrasa o processo".
Não significa, contudo, que as regras do leilão serão publicadas com atraso. A
Anatel ainda pode publicar o edital antes da publicação do Acórdão, e antes
mesmo de concluída a votação. Isso foi o que aconteceu no processo do leilão de
700 MHz em 2014.
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, publicou às 13h41 no Twitter que o TCU
já teria sete votos favoráveis – antes mesmo que todos os ministros tivessem
manifestado suas posições. Este foi o placar final da votação.
Justificativas
Conforme colocado nesta reportagem de TELETIME, Carreiro contrariou a área
técnica em relação aos assuntos mais relevantes, mantendo os compromissos da
rede privativa do governo e do Programa Amazônia Integrada e Sustentável (PAIS),
mas acolhendo a possibilidade de incluir metas de conectividade em escolas da
rede pública de ensino com recursos da faixa de 26 GHz. O relator recomendou
seis procedimentos administrativos para acompanhamento de ajustes e promessas do
Ministério das Comunicações e da Anatel na implantação de elementos como o Gaisp
e a EAF.
Porém, Aroldo Cedraz manteve esse entendimento sobre a conexão em escolas, mas
pediu vista por entender que eram importantes as ilegalidades apontadas no
parecer da Seinfracom, especialmente na precificação da faixa de 3,5 GHz e no
critério da Anatel de ter reconhecido apenas 60 municípios como economicamente
viáveis, excluindo inclusive capitais. Também criticou a forma com a qual foi
incorporada pela agência, na visão do ministro "de forma açodada em apenas cinco
dias", a portaria do nº 1.924/2021 do Ministério das Comunicações, com as
previsões da rede privativa e do PAIS.
Cedraz ainda manifestou "absoluto repúdio de qualquer afirmativa que o Tribunal
de Contas da União esteja contribuindo para o atraso da implantação do 5G",
ressaltando que é prerrogativa do colegiado pedir esse tempo para melhor
analisar a proposta. "Não poderíamos jamais nos omitir diante das impropriedades
apontadas de forma minuciosa [pela área técnica]. O verdadeiro atraso seria
permitir o prosseguimento da licitação nos moldes propostos, porque estaríamos
determinando aos brasileiros conviver 20 anos com serviços de má qualidade e
caros."