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Leia na Fonte: Teletime
[01/02/21]
Exigência de release 16 no 5G divide fornecedores - por Fernando
Paiva E Henrique Medeiros
[Publicado no Mobile Time] Não são apenas as operadoras móveis que estão
divididas sobre a obrigatoriedade do release 16 no edital do 5G. Mobile Time
conversou com dois fornecedores de rede e um de chipsets que demonstraram
opiniões divergentes sobre o assunto.
Uma das fontes ouvidas aprova a proposta da Anatel: "Com o Release 16 os
incumbentes e novos entrantes estarão em condições iguais de competição. Além
disso, o Release 16 apresenta um conjunto de benefícios tais como melhoria de
cobertura principalmente em 3,5 GHz, mais opções de agregação de portadoras e o
suporte de IoT em 5G. Uma operadora com essa tecnologia deve apresentar índices
de qualidade (Netflix ou Ookla) muito superiores que outra com Release 15 –
estimamos em até 20% melhores", argumenta. "E no caso de utilizar standalone, aí
podemos ter ganhos expressivos de latência, o que se refletirá em melhores
serviços aos usuários", completa.
Por sua vez, Paulo Bernardocki, diretor de soluções e tecnologia de rede da
Ericsson, pensa diferente: "O pedido do release 16 surpreendeu o mercado, pois a
Anatel não regula o aspecto tecnológico. Inclusive, a própria agência sempre
falou que era um leilão de frequência. A partir do momento que coloca essa
descrição, gera dúvida sobre investimentos para os participantes", diz. Ele
defende que a tecnologia de rede seja escolhida pelas operadoras e não pelo
regulador.
Bernardocki acredita ainda que, se seguir o modelo com 5G SA, os players podem
escolher por postergar suas posições no leilão, algo que não é visto como um bom
caminho para o País, pois o Brasil está atrasado ante outros mercados na
instalação do 5G. E recorda que a economia precisa de investimentos para sair da
atual crise financeira.
MediaTek
Por fim, Samir Vani, country manager da MediaTek no Brasil, critica a exigência
do release 16 em razão do seu custo e do tempo necessário para implementação. "O
release 16 toma mais tempo e tem um custo maior. É um pouco difícil de entender
quando ele (Baigorri) coloca que uma das prioridades é cobertura, mas quer
trazer uma rede baseada no Release 16. O único país que faz o SA completo é a
China. Mas isso demanda muito investimento", disse o executivo em conversa com
Mobile Time. Para o country manager da Mediatek, cobertura ampla e rede de
última geração não combinam e o País deveria escolher um caminho ou outro.
Sobre a rede privativa do governo, Vani acredita que os debates sobre o edital
do leilão devem questionar se o governo federal realmente precisa dessa rede
dedicada e se não pode usar a rede dos usuários comuns, pois o custo de
instalação de rede é caro, será agregado aos ofertantes e, eventualmente,
repassado à população.
"O atraso é muito preocupante, mas, infelizmente, são tantas dúvidas que o
governo precisa trabalhar neste sentido para que a sociedade tenha as respostas
necessárias. Não adianta tomar um caminho que não faça sentido para os usuários.
Acho que serão 24 dias de bastante discussão neste sentido para que a sociedade
e os players alcancem o melhor caminho", comentou.