WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> 5G --> Índice de artigos e notícias --> 2021
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na Fonte: Convergência Digital
[01/02/21]
Edital do 5G tem racha na Anatel e azeda clima com as teles
- por Luís Osvaldo Grossmann
O Conselho Diretor da Anatel se dividiu nesta segunda, 1º de fevereiro, ao
discutir a proposta do edital do 5G. E o pomo da discórdia é se o regulador vai
exigir o 5G pleno, ou standalone no jargão do setor, ou vai permitir que as
operadoras móveis ofereçam a versão que já começam a implantar em grandes
cidades, apelidada por algumas delas, em especial, pela TIM, de “5G do
marketing”, pois não contempla todas as funcionalidades da nova geração.
“Se vamos pagar por uma Ferrari, não podemos aceitar um Fusca”, resumiu o
relator do voto apresentado nesta segunda, Carlos Baigorri. “A lógica dessa
previsão é garantir que o Brasil tenha acesso a toda a potencialidade do 5G. Já
que foi criada essa expectativa e demanda da sociedade, a Anatel não pode
entregar algo aquém disso. Não pode frustrar a sociedade exigindo um padrão que
só vai trazer um 4G mais rápido.”
Outro ponto que alimenta a cizânia é a determinação criada de última hora pelo
Ministério das Comunicações de que o leilão do 5G financie outros projetos,
especialmente as fibras ópticas subfluviais para conectar a região Amazônica e a
implantação de uma rede móvel privativa da União em Brasília. Por meio da
Feninfra, o setor até pediu adiamento da votação por conta das novidades.
Conseguiu.
O presidente da agência, Leonardo Morais, pediu vista da proposta e prometeu
trazer de volta o tema ainda em fevereiro. Ainda assim, outros dois
conselheiros, Moisés Moreira e Vicente Aquino, já anteciparam seus votos
acompanhando o relator. As regras permitem que eles modifiquem o entendimento
quando vier o voto-vista, mas os sinais são de que a maioria já se formou na
forma apresentada por Carlos Baigorri.
Pelo cronograma previsto na proposta, o 5G poderá começar a funcionar nas
capitais 300 dias após a publicação dos termos de autorização de uso da faixa de
3,5 GHz – e 90 dias depois disso nas cidades com mais de 500 mil habitantes.
Deve, ainda, estar disponível em cidades com mais de 200 mil a partir de 30 de
junho de 2023, nas maiores de 100 mil em junho de 2024 e nos demais municípios a
partir de janeiro de 2026.
Leilão
No que diz respeito à oferta das radiofrequências do leilão, o relator Baigorri
trouxe inovações. A primeira delas foi excluir a Oi da disputa do naco que resta
dos 700 MHz – e que a tele deixou de comprar em 2014. É que o texto apresentado
prevê que não podem disputar essa faixa quem já detém (leia-se Vivo, Claro, TIM
e Algar, como já era previsto), bem como quem “esteja em processo de
transferência de controle acionário”, caso da Oi Móvel. Fora isso, esse que deve
ser o primeiro lote do leilão mantém a oferta inicial de 10+10 MHz, quebrados em
dois de 5+5 MHz caso não haja interesse na primeira rodada.
O segundo lote é a faixa de 3,5 GHz, o filé do leilão. Nesse caso, Baigorri
dividiu os 400 MHz (de 3,3 a 3,7 GHz) em quatro blocos nacionais de 80 MHz e
oito blocos regionais, também de 80 MHz. Caso sobre algum, será dividido em
blocos de 20 MHz, sendo que o limite de compra por uma única empresa foi
reduzido para 100 MHz. O terceiro lote é para a faixa de 2,3 GHz, com oito
blocos nacionais de 50 MHz e outros oito regionais, de 40 MHz. Já o quarto lote,
a faixa de 26 GHz, prevê cinco blocos nacionais de 400 MHz e 21 lotes regionais,
também de 400 MHz.
Obrigações
O compromisso mais importante do edital diz respeito ao tratamento às
interferências do uso da faixa de 3,5 GHz pela telefonia móvel sobre a recepção
das antenas parabólicas. Baigorri manteve a posição da área técnica pela
migração das parabólicas para outra parte do espectro (a banda Ku, acima de 10
GHz). As operadoras móveis queriam outra solução, mais barata, que previa a
mitigação das interferências com filtros.
Para operacionalizar essa migração e a consequente ‘limpeza’ da chamada Banda C
estendida – no caso, a fatia entre 3,6 a 3,7 GHz – será repetido o modelo
adotado nos 700 MHz, quando foi criada uma empresa, com recursos das teles
vencedoras no leilão, para ser o braço executivo da migração e da distribuição
de equipamentos para recepção nas residências com parabólicas (kit Ku).
Além disso, as teles terão que implantar backhaul de fibra em todos os
municípios onde essa rede ainda não existe, de forma escalonada até 2025. Também
será exigida a instalação de ERBs 5G em cidades com até 30 mil habitantes, tanto
nos lotes nacionais como regionais. E, claro, as obrigações criadas pelo Minicom
na Portaria 1.924.
Já pela compra da faixa de 2,3 GHz, será obrigatória a implantação de 4G em
cidades com menos de 30 mil habitantes que ainda não possuam essa rede. E a
compra da faixa de 700 MHz implica na instalação de 4G em localidades a serem
listadas pela agência, além da cobertura em rodovias federais, com prioridade
para as BR-163, BR-364, BR-242, BR-135, BR-101 e BR-116.
O Convergência Digital
disponibiliza o trecho do relatório do conselheiro Carlos Baigorri sobre o ponto mais discutido do edital: a exigência do 5G standalone.