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Leia na Fonte: e-Thesis
[10/08/12]  700 MHz devem vir junto à digitalização das redes de transmissão/acesso - por Jana de Paula

O provavelmente próximo leilão dos 700 MHz pelo governo federal é encarado com bons olhos pela 4G Americas por, de imediato, aperfeiçoar a abrangência da telefonia móvel, sobretudo no tocante a transmissão de dados e banda larga na área rural. O diretor para América Latina da associação, Erasmo Rojas, no entanto, lembra que o uso dos 700 MHz deve vir acompanhado da digitalização das redes de transmissão e de acesso. "Lembremos que na faixa dos 700 MHz falamos de velocidades de 8 Mbps, o que não pode ser plenamente aproveitado por cabos. Assim serão necessárias microondas, fibra óptica etc. Apenas a digitalização das transmissões acompanhada da troca dos atuais receptores analógicos por outros, digitais, garante que os usuários não sejam forçados a trocar todos os aparelhos de TV", pondera Rojas.

A associação 4G Americas especula sobre a possível liberação da faixa dos 700 MHz para a telefonia fixa antes de 2016, como sinalizou esta semana o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Embora esta liberação dependa de estudo - em fase de elaboração pelo Ministério das Comunicações - a ser divulgado em dois a três meses, a associação das operadoras das Américas acredita que serão ofertadas todas as faixas de espectro entre 698 e 806 MHz, em blocos de 10 MHz, a serem ocupadas pelas teles para prestação de serviços de dados e banda larga nas áreas rurais, num primeiro momento, e de dois a três anos nas grandes cidades.

Desta forma, diante do possível próximo adiantamento do uso dos 700 MHz pela telefonia móvel, a 4G Americas avalia que o custo final da faixa em leilão deve prever e estimular os próximos investimentos, criando incentivos para que as operadoras cheguem até as áreas rurais, atualizando tanto as redes móveis como as de transmissão e acesso.

Nas grandes cidades, as teles móveis já contam com a faixa dos 2,5 GHz recém licitadas o que garante a ampliação e aperfeiçoamento dos novos serviços móveis, de início. Mas em médio prazo, os 700 MHz também se tornam cruciais nos grandes aglomerados urbanos, sobretudo por resolver a questão de aceso indoor, como em shoppings, estádios esportivos etc. Além disso, há a evolução prevista em direção ao LTE que, segundo a 4G Americas, já tem todo um ecossistema plenamente desenvolvido capaz de oferecer mais equipamentos a custo melhores que o HSPA e o HSPA+.

Embora a faixa dos 700 MHz não seja tão extensa quanto à dos 2,5 GHz, que também será usada no país para a LTE, sua abrangência é maior. Por exemplo, nos 2,5 GHz é preciso instalar torres a cada 0,5 km para que o sinal ‘não caia'. No caso dos 700 MHz, a extensão é de 5 km, o que significa a necessidade de instalação de um número inferior de torres e antenas receptoras, o que representa uma melhora de 70%. Além disso, reforça Rojas, a necessidade de menos antenas e torres resolve uma série de conflitos entre as diversas legislações municipais e estaduais quanto ao sítios de telefonia móvel.

Na América Latina, Colômbia e Chile já anunciaram licitações dos 700 MHz para o próximo ano. Nos Estados Unidos, o uso do espectro com este fim caminha para a maturidade plena - A Verizon, por exemplo, já conta com 1,5 milhão de usuários. No total a LTE, na metade do ano, acusava 11 milhões de assinantes, o que, de acordo com Rojas, já define uma escala suficiente para justificar seu uso pleno pelo continente. A sinalização do governo brasileiro em ofertar os 700 MHz, hoje em uso pela TV Digital, fortalece a importância desta faixa para a região e incentiva outros países latino-americanos a seguirem na mesma linha.

Os 700 MHz, atualmente, estão parcialmente ocupados pela TV Digital e seu refarming estava previsto apenas para 2016. Mas, diante pouca disseminação da TV Digital nas áreas rurais, o governo federal estima ser possível liberar antes do prazo inicial parte desta faixa para incrementar a adoção de banda larga nas regiões desassistidas, inclusive, pelas retransmissoras do sinal digital de TV. Desta forma o governo espera ter mais recursos para atingir o índice de 70% de penetração de banda larga, item importante no seu projeto de inclusão digital.