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Leia na Fonte:
Convergência Digital
[18/09/12]
700 MHz: TVs não abrem mão da faixa nos grandes centros - por Luís Osvaldo
Grossmann
As emissoras de TV aberta querem manter o desenho atual de destinação da faixa
de 700 MHz, pelo menos nos grandes centros, notadamente em São Paulo. Também
querem impedir o uso dos chamados “white spaces”, pequenos nacos do espectro que
funcionam como banda de guarda, de forma a se evitar interferências na recepção
dos sinais.
Foi o que apresentaram nesta terça-feira, 18/9, os representantes da Abert
(Globo, SBT, Record) e Abra (Band, RedeTV) ao ministro das Comunicações, Paulo
Bernardo. “Pelo menos um pedaço da faixa de 700 MHz é imprescindível para a
radiodifusão”, afirmou o presidente da Abert, Daniel Slaviero.
Conforme pedido pelo próprio ministro em reunião realizada em julho, as
emissoras apresentaram uma posição formal sobre a faixa, com base em estudos
realizados pela Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET). Nele,
sustentam que a radiodifusão precisa manter os canais 14 a 59.
“Não se pode limitar um setor em crescimento. Portanto, é importante ter espaço
não somente para a transição [para a TV Digital], mas para o crescimento do
setor”, sustentou o vice presidente da Abra – e presidente do Fórum Brasileiro
de TV Digital –, Frederico Nogueira.
É importante mencionar que o “pedaço imprescindível para a radiodifusão”
mencionado, ou seja, os canais 14 a 59, equivale à fatia do espectro entre 470
MHz e 746 MHz, justamente o que já é destinado para a canalização para a TV
Digital na faixa de UHF.
Já para o restante da faixa de 700 MHz – ou ainda, entre 746 MHz e 806 MHz –, a
destinação está em discussão pela Anatel, que pretende deixar em uso para
retransmissoras de TV até junho de 2016, embora com pequenas fatias ao Serviço
Comunicação Multimídia, telefonia fixa e TV por assinatura (TVA).
No documento apresentado ao ministro, as emissoras sustentam que “o Brasil não
pode abrir mão do potencial da Internet via banda larga, mas, também não pode
fazê-lo em prejuízo do Setor da Radiodifusão. Ao contrário da Internet via banda
larga, a Televisão Digital tem na faixa de UHF sua única possibilidade de se
manter e desenvolver”.
Nesse sentido, a radiodifusão reforça argumentos já apresentados, como a
existência de radiofrequência mais do que suficiente para as teles, a
importância social e econômica da televisão aberta e gratuita e o fato de que,
ao contrário de outros países, esse é um serviço ainda em crescimento no Brasil.
“Antes de destinar faixas de frequências para qualquer serviço, inclusive a
banda larga sem fio, o administrador deveria desenvolver amplo e detalhado
estudo sobre a utilização atual do espectro. Os resultados poderiam orientar o
Poder Público quanto à necessidade ou não de se destinar o espectro solicitado.”
As emissoras apontam, ainda, que “a implantação de redes móveis em frequências
adjacentes às utilizadas por redes de TV Digital é inevitavelmente acompanhada
por um elevado risco de interferência”. “Existem claros problemas de
interferência já identificados na Inglaterra e no Japão. Queremos evitar a
repetição dos mesmos erros”, insistiu Nogueira, da Abra.
Como conclusão, os radiodifusores querem que o Minicom instaure um grupo de
trabalho com representantes dos setores envolvidos na questão do 700 MHz para
que o tema seja discutido – o que, por si, poderia muito bem adiar os planos de
um leilão dessa faixa já no próximo ano.
“O próprio ministro admitiu que não tinha ideia do tamanho da interferência do
LTE em 700 MHz”, disse Nogueira. “Antes de o grupo de trabalho começar a atuar e
esses pontos que mencionamos serem aprofundados, falar em leilão é um pouco
precipitado”, completou Slaviero.
Veja as demandas dos radiodifusores apresentadas ao Minicom:
Destinação dos canais da televisão aberta
a. Os canais de 14 a 59 deverão ser destinados à radiodifusão comercial e
educativa
b. Blindagem do White Space
Políticas públicas para a migração do sistema analógico para o digital
a. Aceleração e aumento da cobertura da televisão digital (financiamento,
desoneração)
b. Universalização da recepção (set-top box, massificação dos receptores)
c. Criação de um fundo público para financiar a digitalização das RTVs de entes
públicos
d. Realocação de canais das emissoras comerciais mediante
indenização/ressarcimento
3. Fracionamento e regulamentação da cadeia de valor da internet
4. Não utilização da faixa de 3,5 GHz, de forma a evitar interferência na
recepção das antenas parabólicas
5. Reserva dos canais 5 e 6 da televisão para a migração do rádio AM
6. Equacionamento de questões técnicas (RTV, RpTV e Gap Filler)
7. Remoção das barreiras das empresas de telefonia móvel e dos fabricantes de
equipamentos, quanto à mobilidade da televisão digital (one seg - sinal de
transmissão para celular)
8. Definição da operação do canal de retorno
9. Revisão da norma de acessibilidade quanto a legenda oculta e audiodescrição