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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[30/04/13]
Quem quer a faixa de 700 MHz? - por Matheus Cunha
Tele.Síntese Análise 386
Recentes declarações de dois dos principais executivos de telecomunicações –
Antonio Carlos Valente, pela Telefônica/Vivo, e Carlos Zenteno, pela Claro – de
que seria precipitado lançar o edital de venda da frequência de 700 MHz no
próximo ano, como pretende o Ministério das Comunicações, acenderam uma luz
amarela na Anatel. Mais do que considerar apenas uma natural pressão de
compradores antes do leilão, alguns dirigentes da agência estão levando em
consideração esses alertas empresariais. Para o governo, a comercialização plena
das faixas é fundamental. Embora a venda dessa frequência não integre o futuro
PNBL 2.0, em elaboração, ela é hoje o principal trunfo que o governo tem para
acelerar a banda larga em todo o país, além de gerar caixa para o financiamento
do desligamento da TV analógica.
Para que o leilão dê certo, há necessidade de correções. Na Anatel, há quem
avalie que os objetivos de cobertura estabelecidos na portaria do Minicom estão
salgados para esta época de crise externa e de forte endividamento das
operadoras; por isso, deveriam ser minimizados. O Minicom elencou que os
compradores devem construir backhaul em todo o país, com mais ênfase nas regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste; atender os setores de segurança e de
infraestrutura; cobrir as estradas com o serviço de celular; além, é claro, de
acelerar a cobertura das grandes regiões, zonas de periferia urbana e áreas
remotas com banda larga móvel de 4G.
Para o ministério, no entanto, as declarações dos dois executivos devem ser
entendidas apenas como um posicionamento competitivo. Isso porque, avalia a
fonte, Vivo e Claro pagaram mais e também levaram mais banda na licitação da 2,5
GHz. Mas essas duas operadoras são as que têm as bandas A e B da telefonia
celular, ou seja, as faixas de 800 MHz. TIM e Oi só têm as bandas C, D e E,
todas nas faixas de 1,8 GHz; 1,9 GHz; e 2,1 GHz, que as outras duas também têm.
Isso significa, explica o interlocutor do Minicom, que Vivo e Claro não
precisariam da faixa de 700 MHz imediatamente, pois poderiam também fazer a LTE
nas bandas de 800 MHz ou de 1,8 GHz. Mas Oi e TIM, que não têm essa folga, não
teriam como deslocar seus clientes de 2G para recepcionar os serviços de
comunicação de dados. Assim, uns falam em adiar o leilão, enquanto outros
preferem ficar calados. No final, aposta o ministério, todos vão ao leilão, pois
não dá para imaginar uma empresa de celular desprezando o bem mais valioso para
sua operação