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Leia na Fonte: B2B
[09/12/13]
Os desafios da faixa de 700 mhz - Dane Avanzi
Dane Avanzi é advogado, empresário do Setor de
Engenharia Civil, Elétrica e de Telecomunicações. É Diretor Superintendente do
Instituto Avanzi, ONG de defesa dos direitos do Consumidor de Telecomunicações e
Vice-Presidente da Aerbras, Associação das Empresas de Radiocomunicação do
Brasil.
A realização da licitação da faixa de 700 MHz no primeiro semestre de 2014
depende de várias definições de ordem técnica, política e jurídica. O tema tem
sido pauta de diversas reuniões e comissões do Congresso Nacional que tem
acompanhado o assunto de perto, uma vez que o Brasil adotou o sistema nipônico
de utilização da faixa espectral, no qual subfaixas da DTV (TV Digital) se
intercala com o SMP (Serviço Móvel Privativo).
Na camada técnica, testes de convivência entre ambas as tecnologias começaram no
último dia 02 de dezembro, segundo informação da Telesintese, e a partir dos
resultados dos testes, um relatório de boas práticas de mitigações de
interferências prejudiciais entre um serviço e outro será produzido. Tal
documento, de cunho estritamente técnico, servirá de base para a elaboração do
edital do leilão que passará por consultas públicas.
Segundo a resolução 625 da Anatel, que trata da destinação da faixa de 700 mhz
para a televisão digital, serviço móvel privativo, defesa, segurança pública e
infraestrutura, os custos decorrentes da "limpeza do espectro" serão atribuídos
às operadoras vencedoras do leilão. O termo desta "limpeza” é uma alusão à
desativação dos serviços de TV analógica, que deverão ser assumidos pelos
interessados na faixa. Antes de se ter o resultado dos testes, não dá pra se ter
uma ideia de quanto custará o processo de "switch off", mudança de tecnologia
analógica para digital.
Paralelamente ao assunto, tramita no Congresso Nacional o projeto de lei sobre o
marco civil da internet, que poderá afetar diretamente como o serviço deve ser
comercializado no futuro. Enquanto não houver uma definição clara desses
assuntos, as operadoras tendem a ter muita cautela quanto ao leilão por não
saberem ao certo quanto vale a faixa, não obstante ao grande interesse na
obtenção dos direitos de uso.
O processo de convergência digital tem diminuído muito a participação das TV's
abertas no que tange a audiência do público em geral. Nos Estados Unidos, por
exemplo, a TV aberta está extinta, sendo os conteúdos hoje entregues por TV's a
cabo. Outros serviços como Netflix, além de agências digitais de notícias, têm
ganhado muitos adeptos, principalmente entre os mais jovens.
Embora a TV aberta ainda seja a mais abrangente aqui no Brasil em termos de
audiência, é certo que a convergência digital, cedo ou tarde, diminuirá seu
share. Sendo a TV aberta uma mídia formadora de opinião em âmbito local e
nacional, a discussão ganhou um contorno político por razões elementares ao
processo de acesso e manutenção do poder político.
Uma vez concluídos os testes de mitigação das interferências prejudiciais entre
os serviços - que tem como data final abril de 2014 - haverá uma consulta
pública para aprovação dos termos técnicos do regulamento e, após a publicação
da norma técnica o edital de licitação da faixa será submetido aos ritos.
O tempo desvanecerá todas essas dúvidas que são relativamente comuns quando os
assuntos são novas tecnologias. De todas as dimensões da questão, as mais fáceis
de resolver são as de ordem técnica. Ao governo brasileiro e suas instituições,
cabe muita sobriedade na condução do processo para que o consumidor não acabe
pagando a conta da "limpeza do espectro".