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Fonte: Grupo Avanzi
[16/12/13]
3G insuficiente, 4G ineficiente e faixa 700 MHZ em leilão: como melhorar a
telefonia móvel do Brasil? - por Dane Avanzi
Dane Avanzi é advogado, empresário do Setor de Engenharia Civil, Elétrica e
de Telecomunicações. É Diretor Superintendente do Instituto Avanzi, ONG de
defesa dos direitos do Consumidor de Telecomunicações.
Recentemente a Associação Proteste (Associação de Defesa do Consumidor) publicou
um estudo baseado na aferição do serviço de comunicação de dados das quatro
principais operadoras de telefonia móvel do país. A pesquisa, que percorreu
cinco mil quilômetros em estradas de 12 estados, constatou que o sinal de
telefonia no 3G está disponível apenas nos grandes centros urbanos e, quando é
encontrado fora dessas regiões, a conexão tem velocidade baixa.
Ainda conforme informações da Proteste, nenhuma das grandes operadoras (Claro,
Oi, TIM e Vivo) cobre mais de 51% das regiões percorridas com o 3G. A região Sul
foi a que teve a pior cobertura e a Claro foi a pior entre as empresas
avaliadas.
Tal fato demonstra claramente que os investimentos necessários à manutenção da
rede 3G não são suficientes para atender aos usuários do sistema. Cabe lembrar,
no que tange a investimentos, que as operadoras precisam investir dobrado nesse
momento, pois a rede 4G também tem problemas que precisam ser resolvidos até o
início da Copa do Mundo de 2014.
Aliás, para o início do ano de 2014 está previsto o leilão da faixa de 700 MHZ,
que em parte será destinada para o serviço 4G. A sociedade civil brasileira
espera que as autoridades responsáveis pela atribuição dessa faixa de frequência
reservem uma determinada quantidade de canais para importantes políticas
públicas que podem ser desenvolvidas por estados e municípios.
Considerando que a tecnologia 4G permitirá altas taxas de transferência de
informação, tal recurso poderá ajudar o poder público a melhorar a qualidade de
importantes serviços, possibilitando a transmissão de dados em tempo real em
alta resolução, soluções de gerenciamento de imagens e processamento de dados
para empresas ferroviárias, companhias de engenharia de tráfego de grandes
cidades, segurança pública, Samu, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, entre outros
serviços.
Nos EUA, por exemplo, a faixa de 700 mhz possui em âmbito nacional um
substancial número de canais reservados para os serviços essenciais acima
citados. É a tecnologia a serviço do cidadão. Aqui no Brasil cada canal é
leiloado e disputado pelas operadoras e rendem bilhões de receita ao Estado
brasileiro. Tal modelo de administração não está errado, mas deve se conciliar o
interesse do Estado que privatizou o serviço, com o intuito de universalizar o
acesso à sociedade brasileira, com a necessidade de manter uma subfaixa de
canais à disposição do poder público para a implementação de políticas públicas
importantes destinadas ao bem comum – última finalidade do Estado.
Tais serviços não podem ser administrados por terceiros, no caso, as operadoras
de telefonia móvel, seja por questões estratégicas, seja por conta da segurança
da informação. Dessa forma, o Governo Federal, visando o interesse da sociedade
brasileira, deve garantir o acesso a essa importante faixa do espectro a órgãos
de vital importância que não podem depender das redes de telefonia móvel,
comprovadamente ineficientes e inadequadas para serviços de missão crítica.
Porquanto, vidas humanas e prejuízos patrimoniais consideráveis podem ocorrer em
caso de falha de comunicação.