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Fonte: Estadão
[17/12/13]
Estrangeiras cogitam participar do leilão de 4G - por Eduardo Rodrigues e
Anne Warth
BRASÍLIA - O barateamento dos custos das ligações entre diferentes operadoras de
celular pode trazer concorrentes estrangeiros para o leilão de 4G de 2014,
avalia o presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João
Rezende.
Segundo ele, empresas que ainda não atuam no Brasil cogitam entrar na disputa
marcada para o primeiro semestre do próximo ano, ameaçando as posições de TIM,
Claro, Oi e Vivo, que podem ficar fora da faixa de 700 megahertz (MHz). Se
alguma dessas empresas perder um dos quatro lotes que serão licitados, a saída
será comprar capacidade da vencedora para conseguir operar nessa frequência.
Fontes do governo admitem, nos bastidores, que a norte americana AT&T e a
britânica Vodafone manifestaram interesse na disputa prevista para o primeiro
semestre.
A expectativa de chegada de uma nova empresa no mercado brasileiro de telefonia
e banda larga móvel era comentada por especialistas do setor desde o leilão
anterior de 4G, realizado em junho de 2012, para a faixa de 2,5 gigahertz (GHz).
Mas os lotes nacionais da primeira disputa foram todos arrematados pelas quatro
grandes teles que já atuam no País.
Para Rezende, o principal impedimento para a entrada de uma nova companhia em um
mercado maduro como o brasileiro era a alta taxa de interconexão paga pelas
empresas em ligações para aparelhos de operadoras concorrentes. Em 2011, essa
taxa custava R$ 0,48 por minuto, mas, caiu para R$ 0,16 este ano e deve chegar a
R$ 0,10 em 2016. A partir daí, a tarifa será definida por modelo de custos.
?Indicadores do ano passado mostravam que, a cada 10 minutos de voz, 8 eram
falados dentro da própria rede. É o efeito clube, muito alto para concorrentes
internacionais. O ideal é que o efeito clube baixe para algo entre 40% e 50% das
chamadas, o que deve ocorrer com a queda das tarifas de interconexão?, afirmou
Rezende. ?Essa perspectiva da redução da tarifa de interconexão e o leilão da
faixa de 700 MHz podem atrair investidores internacionais.?
A data final para o leilão será definida em janeiro, quando deve vir a público o
edital. O governo aposta que a disputa deve render R$ 6 bilhões, segundo
antecipou o jornal O Estado de S. Paulo.
Venda de capacidade
Segundo Rezende, caso alguma nova companhia arremate um dos quatro lotes, a
companhia brasileira que ficar de fora teria que comprar capacidade de rede de
um dos vencedores. ?Serão quatro lotes na faixa de 700 MHz, mas pode haver, como
no Chile, a chamada exploração industrial, com novos equipamentos que realocam
eficiência no uso do espectro. Você pode ver que tem uma área com ociosidade e
outra com congestionamento. Daria para gerenciar espaço para outra operadora?,
afirmou.
O uso compartilhado dessa infraestrutura é uma alternativa para as empresas
vencedoras do leilão, que podem se dividir na instalação da rede fora das
maiores cidades do País. O edital ainda está sendo finalizado pela agência
reguladora, mas deve prever essa opção para o atendimento de localidades de
médio e pequeno porte.
Em ambas as parte do espectro eletromagnético é possível transmitir dados com
velocidades mais de dez vezes superiores às obtidas pelos smartphones que operam
no 3G.
A frequência de 700 MHz é indispensável para as teles porque permite utilizar a
tecnologia com maior alcance de cobertura, necessitando a instalação de menos
antenas que as demandadas pela faixa de 2,5 GHz.
Para Rezende, investir na faixa de 700 MHz é uma necessidade para as empresas. A
perspectiva, segundo ele, é que a participação dos dados na receita das
companhias seja cada vez mais relevante. ?A faixa de 700 MHz é um ativo
importante, porque o valor investido na faixa agrega mais valor ao próprio
negócio?, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.