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Leia na Fonte: Tecmundo
[04/07/13]
Mais que 4G: entenda
a tecnologia LTE-Advanced - por Lucas Karasinskiem
LTE-Advanced: a próxima geração de internet móvel (Fonte da imagem:
Reprodução/3GPP)
Se você acompanha as notícias sobre tecnologia no Brasil, com certeza tem visto
toda a novela que envolve a implantação da rede de internet móvel de alta
velocidade no país. O 4G encontra vários obstáculos, como dificuldades na
implantação da infraestrutura e todos os problemas envolvendo a frequência da
banda a ser utilizada (aqui, a escolhida foi a mesma da TV analógica).
Pois saiba que, antes mesmo de a maioria dos brasileiros terem sequer um
gostinho de como é poder navegar em alta velocidade utilizando o smartphone,
diversos países do mundo já começam a implementar novidades nas redes, como o
chamado LTE-Advanced, por exemplo. Você já ouviu falar sobre essa nova
tecnologia?
4G, LTE, WiMAX... O que é tudo isso?
Desde que o 3G começou a se popularizar, duas tecnologias para tornar a internet
móvel ainda mais rápida começaram a “competir” pelo mercado. Nos anos 2000,
tanto o Long Term Evolution (LTE) quanto o Worldwide Interoperability for
Microwave Access (WiMAX) tinham um bom potencial de evolução. Ou seja, a alcunha
4G quer dizer, simplesmente, que essa é a quarta geração da internet sem fio de
alta velocidade.
Aparelho da HTC foi o primeiro a ser preparado para o WiMAX (Fonte da imagem:
Reprodução/GSM Arena)
Para deixar tudo mais claro, basta pegar um aparelho como o HTC Max 4G, por
exemplo. O gadget, apesar de trazer a marca “4G”, só é capaz de trabalhar com um
padrão, o WiMAX. Assim, mesmo com capacidade para suportar a internet de alta
velocidade, isso não quer dizer que ele trabalhe com qualquer tipo de rede 4G.
Por isso, como os dois padrões acabaram sendo continuados, em diversos países o
WiMAX e o LTE estão disponíveis para uso, havendo toda a infraestrutura
específica para que ambas funcionem. A Coreia do Sul, por exemplo, disponibiliza
as duas redes para os seus habitantes ficarem sempre conectados.
Isso pode até parecer algo bem “pomposo”, mas o fato é que as duas tecnologias
apresentam sistemas de implantação e funcionamento bem semelhantes. A diferença
básica é que o WiMAX trabalha com um único canal de transmissão e recebimento de
dados, enquanto o LTE utiliza dois, quebrando a banda em um canal de envio e
outro de recebimento.
Internet cada vez mais rápida (Fonte da imagem: Reprodução/iStock)
Há, também, correntes de estudos que dizem que ambos representam somente uma
evolução do 3G –, mas que nenhum dos dois trata de uma nova geração de
telecomunicações. Isso porque haveria alguns pré-requisitos que ainda não foram
alcançados, ou seja, o LTE, por exemplo, seria considerado como um “3.9G”.
Segundo o site do Grupo de Teleinformática e Automação da UFRJ, a International
Telecommunication Union (ITU) estabeleceu algumas regras básicas para que uma
rede seja considerada de 4G, como suporte à taxa de 100 Mbit/s para situações de
alta mobilidade e de até 1 Gbit/s para aquelas de baixa mobilidade.
LTE: muito mais adeptos
Se algumas nações dão prosseguimento ao uso das duas tecnologias, estudos de
mercado apontam que o LTE pode ganhar de goleada o futuro das telecomunicações.
A previsão de mercado da iSuppli para os usuários de internet de alta velocidade
já apontavam, em 2011, que em 2014 o número de assinantes de serviços LTE
deveria passar dos 303 milhões, ao passo que o WiMAX deve contar com apenas 10%
disso, 33,4 milhões.
Em um novo levantamento realizado em janeiro desse ano, a iSuppli deu ainda mais
gás para o LTE. Segundo a companhia, o crescimento da adoção da tecnologia deve
ser ainda mais exponencial, passando da marca de 1 bilhão de usuários em 2016. E
isso pode ser reflexo também das inovações da rede, como a nova LTE-Advanced.
Vale lembrar que no Brasil, o LTE é o padrão utilizado.
LTE-Advanced: velocidades quase absurdas
Segundo o 3GPP, o desenvolvimento da LTE-Advanced é um esforço realizado para
que a internet móvel de alta velocidade consiga prover uma taxa ainda mais alta
de transferência de bits com uma eficiência de custos muito mais atraente.
Gráficos explicam o funcionamento do LTE-A (Fonte da imagem: Reprodução/3GPP)
Além disso, a ideia é conseguir, também, cumprir os requisitos impostos pelo ITU
– que vão além daqueles citados logo acima. Confira quais são, segundo os dados
do GTA da UFRJ:
Taxas de pico de 1 Gbps para Downlink e 500 Mbps para Uplink;
Largura de banda maior que 70 MHz para o downlink e 40 MHz para o uplink;
Taxa de transferência média para o usuário três vezes maior do que no LTE;
Capacidade três vezes maior do que no LTE, refletida como a eficiência do
espectro;
Capacidade de pico – Downlink: 30 bps/Hz, Uplink: 15 bps/Hz;
Flexibilidade do espectro: suporte à agregação espectral e largura de banda
escalável;
Mobilidade igual à do padrão LTE;
Cobertura deve ser otimizada;
Compatibilidade com redes anteriores.
Apesar de várias dessas exigências parecerem quase que inalcançáveis, o fato é
que o LTE-Advanced já vem conseguindo cumprir esse papel. E o melhor: alguns
consumidores já conseguem desfrutar de velocidades absurdas e que, em muitos
casos, são até 20 vezes mais rápidas que o 4G utilizado aqui no Brasil, por
exemplo.
A companhia russa Yota, por exemplo, é uma das primeiras em todo o planeta a
oferecer o sinal, comercializando planos de 300 Mbps por 1.440 rublos (cerca de
98 reais, em conversão simples). Aqui, no entanto, o uso é exclusivamente
empresarial.
As duas operadoras que já oferecem o LTE-A para os seus clientes (Fonte da
imagem: Divulgação/Yota e SK Telecom)
Em contrapartida, a operadora sul-coreana SK Telecom já disponibiliza o LTE-A
para todos os seus clientes. E as taxas de transmissão são realmente absurdas.
Segundo o The Verge, por exemplo, que testou a tecnologia lá na Coreia do Sul,
em testes simples eles conseguiram realizar downloads atingindo até 102 Mbps.
A companhia, no entanto, cita que essa velocidade é até baixa se levarmos em
conta toda a capacidade da conexão. De acordo com a operadora, o LTE-Advanced é
tranquilamente capaz de chegar a taxas de 150 Mbps para download e 37,5 Mbps
para uploads – algo inimaginável até pouco tempo atrás. E sabe o que é melhor
para os clientes? A SK Telecom disponibiliza o serviço sem cobrar nenhum
pagamento adicional. Será que isso acontecerá um dia por aqui?
EUA deve receber o LTE-A ainda em 2013
Consumidores ocidentais não precisam se desesperar (pelo menos não os
norte-americanos), pois a tecnologia do novo 4G deve chegar em breve a diversos
outros países. O presidente da Verizon, por exemplo, Nicola Palmer, diz que a
ideia da empresa é liderar “com folgas” o mercado nos EUA.
Verizon promete serviço em breve, nos EUA (Fonte da imagem: Reprodução/LapTop
Mag)
Para tanto, a companhia deve utilizar todo o seu poder de trabalho com o
espectro de 700 MHz e juntá-lo ao novo espectro AWS, adquirido recentemente. Com
isso, a ideia é entregar muito mais velocidade, garantindo que o LTE-Advanced
vai, de fato, ser muito mais rápido que o atual 4G.
Além deles, a T-Mobile também está se mexendo e promete trazer a nova velocidade
ainda no segundo semestre desse ano. A diferença, contudo, está na cobertura:
enquanto a Verizon atua com o LTE em mais de 500 mercados, a T-Mobile atinge
somente 7 – um verdadeiro abismo.
Então não se trata do 5G?
Não, o LTE-Advanced não pode ser chamado de 5G. Esse erro já foi cometido por
diversos especialistas em telecomunicações, contudo, os próprios desenvolvedores
da tecnologia a reconhecem somente como uma grande evolução do LTE.
Além disso, vale lembrar também que nem mesmo a atual geração de 4G atinge as
exigências necessárias para receber tal alcunha, como citamos logo acima. Dessa
forma, o LTE-A pode ser considerado, na verdade, como o real alcance da quarta
geração, ou seja, o 4G “de verdade”.
E os aparelhos?
Como o LTE-Advanced começou a ser adotado e vem se mostrando uma realidade, as
companhias também não perdem tempo e diversos gadgets com suporte à tecnologia
começam a aparecer vindos de diversos fabricantes.
Novos aparelhos começam a surgir (Fonte da imagem: Reprodução/DroidLife)
Vale lembrar que uma das exigências é que os aparelhos tenham, também,
compatibilidade com as redes “inferiores”, ou seja, ninguém seria prejudicado ao
comprar um gadget com a tecnologia. Dessa forma, imagens de um novo Galaxy S4
com suporte ao LTE-A já pipocam na internet, por exemplo.
Assim como a Samsung, outras empresas também já estão se mexendo. O iPhone 5S,
por exemplo, pode contar com suporte à nova rede, como o The Korea Times
noticiou nos últimos dias. A LG deve lançar o seu novo Optimus G2 já trabalhando
com as novas velocidades. Ou seja, todos os grandes fabricantes já se preparam
para essa verdadeira revolução da conectividade móvel.
É possível ser ainda mais rápido?
Enquanto a implantação do LTE-Advanced mal começou, muita gente está de olho na
próxima geração de comunicação de alta velocidade. Há várias frentes de
pesquisa, algumas atingindo resultados realmente impressionantes e que superam a
marca de 1 Gbps.
Haja infraestrutura (Fonte da imagem: Reprodução/Futurecom)
A Samsung, por exemplo, investe em pesquisas próprias para desenvolver as novas
tecnologias que dariam forma ao 5G. A companhia, inclusive, já realiza testes e
diz que tais novidades podem surgir em menos de dez anos. A perspectiva é que em
2020 nós já possamos navegar em velocidades muito superiores às atuais.
Mas esse não é o único investimento da Samsung nesse sentido. A empresa faz
parte de uma parceria público-privada entre o governo do Reino Unido e diversas
empresas globais do setor de telecomunicações que criou um centro de pesquisas
focado no desenvolvimento da quinta geração da internet móvel (parceria que
envolve Fujitsu, Huawei, Rohde-Schwarz, Internacional VIACOM, Telefônica Europa
e a própria Samsung).
Já o chamado Cloud-RAN promete ir ainda mais longe. A tecnologia, que tem a
fabricante Huawei como principal apoiadora, trabalha com redes de acesso via
rádio baseadas na nuvem. Com implantação prevista para acontecer entre 2020 e
2030, as velocidades atingidas poderiam chegar à marca de 10 Gb/s – algo cem
vezes mais rápido que o LTE-Advanced. Nada mal, não é mesmo?