WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Espectro de 700 MHz --> Índice de artigos e notícias --> 2013
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na Fonte: Convergência Digital
[27/03/13]
TVs públicas perdem espaço na briga do 700MHz - por Luís Osvaldo Grossmann
Se as emissoras privadas de televisão não têm sucesso no espólio do dividendo
digital, para as televisões públicas parece que vai faltar até a xepa. Tal temor
ficou muito claro durante a audiência pública, realizada pela Anatel, sobre a
nova destinação da faixa de 698 MHz a 806 MHz, mais conhecida como a faixa de
700 MHz.
Vai ficando evidente que não há assentos para todos os interessados no ônibus da
TV digital. É que além dos atuais ocupantes, ainda falta encontrar vaga para os
prometidos canais da Cidadania ou da Educação, por exemplo. Algo que a própria
Anatel, guardiã do espectro nacional, começa a reconhecer.
“Certamente vamos encontrar alguns impasses e vamos ter que encontrar solução.
Ainda temos que achar viabilidade técnica, a tarefa não é fácil. O Ministério
vai ter que se posicionar. Tudo que não tiver solução técnica vai ter que ter
uma definição do Ministério”, admitiu a superintendente de Comunicação de Massa
em exercício, Maria Lúcia Bardi.
A dúvida permanece. “Quantos canais vão estar destinados para o campo público no
processo de canalização?”, pressionou o presidente da EBC, Nelson Breve, durante
a audiência na agência. Na prática, ainda não há resposta. Uma das tentativas da
Anatel é o compartilhamento. Nos canais do Senado e da Câmara estão sendo feitos
alguns arranjos. O compartilhamento dos canais pode solucionar muita coisa”,
emendou Bardi.
Parte da frustração se deve a promessas que, tudo indica, não serão cumpridas.
Breve lembrou que uma das justificativas do então ministro das Comunicações
Hélio Costa para a escolha do padrão japonês de TV digital era o espaço para
ampliar a radiodifusão pública. Ao menos foi o que disse ao apresentar, em 2006,
o cronograma de implantação do novo padrão.
“Uma das razões principais para a adoção do sistema japonês é porque ele é o
único que, sendo adotado no país, libera os canais de 60 a 69 que hoje são
utilizados para fazer a comunicação entre a base e o transmissor. Como no
sistema japonês você faz a transmissão dentro dos 6 Mhz, vão sobrar esses canais
de 60 a 69 que deixarão de ser utilizados. E nós vamos utilizar esses canais
para iniciar um procedimento de redes públicas de televisão.”
“Eu me sinto como o ribeirinho na audiência sobre a grande hidrelétrica. Temos
que desocupar a terra para que o progresso avance”, lamentou o presidente da EBC.
Não foi o único. Representantes de associações de canais comunitários,
universitários e ainda do Intervozes fizeram coro ao tratamento às emissoras
públicas.
Uma das ideias do Minicom é acomodar os canais públicos (ou parte deles) na
faixa chamada de VHF alto – os canais 7 a 13. A encrenca: de onde virão os
equipamentos digitais para essas frequências. “Temos preocupação com a
inexistência de equipamentos para VHF”, destacou Gésio Passos, do Intervozes.
Para além do lado técnico, também foi ressaltado o lado social. Por mais
desejada que seja, a banda larga móvel é um serviço pago, enquanto a televisão
aberta é gratuita. Quantos se beneficiam da decisão por um ou outro lado? “A
gente ouve falar em consumidor, usuário, mas não se fala em cidadão. Há
segmentos no Brasil que levarão 20 anos, 50 anos para ter acesso a essa
tecnologia [4G]”, completou Nelson Breve.
Não é por menos que a agência já avisa que haverá decisão – e seu respectivo
ônus – política. “O Minicom está entendendo que o melhor uso da faixa que vai
sobrar após o desligamento do sinal analógico é para a banda larga móvel e a
Anatel está implantando essa política”, concluiu a superintendente da SCM.