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Leia na Fonte: Convergência Digital
[28/03/13]
700 MHz: Banda larga é importante, mas TV é mais, dizem radiodifusores - por
Luís Osvaldo Grossmann
A disputa pelo dividendo digital ainda vai mobilizar bastante os dois principais
'rivais' no embate: as teles e a radiodifusão. As operadoras móveis contam a seu
favor, o fato de a banda larga móvel galopar no país, enquanto a TV aberta
definha - em 10 anos perdeu um quarto da audiência.
Nessa disputa, ambos os lados apresentam seus argumentos. Em defesa da
radiodifusão aparece um fato concreto: a TV é um serviço grátis, ao alcance de
qualquer um que possa pagar pelo aparelho receptor. Além disso, é de longe o
mais bem sucedido no quesito cobertura, encontrado em praticamente todos os
lares brasileiros. O telefone celular, o campeão das telecomunicações, alcança
pouco mais da metade da população.
O diretor de planejamento e uso do espectro da Associação Brasileira das
Emissoras de Rádio e TV, Paulo Balduíno, alinhou boa parte dessas justificativas
na audiência pública realizada pela Anatel nesta quarta-feira, 27/3. “Estamos
falando de plataforma moderna, relevante, com capacidade de prover
eficientemente conteúdo nacional, regional e local, com terminais de recepção
baratos, serviço gratuito, igualmente acessível à toda população brasileira”,
enumerou.
E ainda assim há dúvidas se os radiodifusores empacaram na primeira das fases da
perda ou tudo não passa de estratégia da terceira fase. Porque parece bastante
que estacionaram na fase da negação. “Estamos em processo de estudar a
viabilidade de liberação da faixa, que é pré-condição. Somente após constatada
essa viabilidade é que os procedimentos de edital devem avançar”, argumentou o
representante da Abert.
Como o ministro das Comunicações vem, há pelo menos um ano, dando reiteradas
declarações sobre a oferta da radiofrequência às teles, não deixa de ser uma
afirmação surpreendente. A última menção de Paulo Bernardo sobre o tema foi há
cinco dias. “Nós esperamos que possamos fazer um leilão no primeiro trimestre de
2014, provavelmente em março.”
Entenda-se, portanto, as manifestações das emissoras de TV como parte da
terceira fase da perda – a da negociação. Nessa linha, uma tentativa seria a de
repartir a faixa, cedendo às teles um naco menor que o pretendido. “Estamos
demonstrando a necessidade de cada herz, mas o mesmo deveria estar acontecendo
para a banda larga. Não conhecemos nenhum estudo feito pelo governo ou entidade
idônea sobre a real necessidade de 108 MHz. Por que não 90 MHz? Porque não 72?”,
provocou Balduíno.
Porque é só mais uma etapa de uma necessidade ainda maior, sustenta a Anatel.
“Um ponto é que os 108 MHz estão fortemente vinculados à competição, quantos
competidores nesta faixa. E pelo crescimento vertiginoso da demanda por dados.
Não estamos inventando a roda. Calculamos que em 2020 os serviço móveis vão
precisar de 1000 MHz a 1100 MHz e estamos em 70% disso”, sustentou o gerente de
engenharia de espectro da agência, Marcos Oliveira.
Certamente é válida a ponderação das emissoras de TV sobre o grau de eficiência
das operadoras de telecom no uso do espectro que já possuem. Como não há estudo
sobre isso no Brasil, utilizam o dado relativo aos Estados Unidos – que também
vivencia uma disputa pelo dividendo digital – pelo qual as teles de lá usam
efetivamente apenas 40% das radiofrequências que possuem.
No mais, também há sinais de que a televisão, ainda que se tornando menos
relevante com o avanço do acesso à Internet – mesmo que lento – busca garantir
seu lugar ao sol, assim como a própria TV não eliminou o rádio ou o cinema. Em
nota divulgada nesta quarta, Abert, Abra e Abratel (portanto, o conjunto das TVs
abertas) defendem “condições de convivência” ao mesmo tempo em que engrandeçam a
própria relevância.
“Com notória contribuição para o desenvolvimento econômico e social, a TV aberta
é - e continuará sendo - a mais importante plataforma eletrônica de comunicação
de massa no Brasil. Estamos certos da relevância da massificação do acesso à
internet por banda larga. Entretanto, esta não pode comprometer a cobertura da
televisão aberta, que com ela não é incompatível (...). Reiteramos nossas
principais preocupações, quais sejam, o replanejamento dos canais digitais e as
condições de convivência entre a TV Digital e os serviços móveis de quarta
geração.”