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Fonte: Tele.Síntese
[04/02/14]
700 MHz: instalação de filtros nas TVs pode custar bilhões, alerta Abratel
Para o presidente da Abratel até mesmo os assinantes de TV paga sofrerão
interferência
O presidente da Abratel (entidade que congrega emissoras de TV, entre elas, a
Rede Record), Luiz Cláudio Costa, afirmou hoje que todas as TVs brasileiras
estão sujeitas à interferência, quando houver o ingresso da banda larga móvel na
faixa de 700 MHz, que deverá ser leiloada pelo governo em agosto deste ano.
Conforme o executivo, no Japão, o primeiro país a implementar a TV digital com
igual padrão ao nipo-brasileiro, foram gastos US$ 3 bilhões com a fabricação e
instalação dos filtros necessários para evitar a interferência entre os
serviços.
A secretária de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Patricia
Ávila, afirmou que o governo entende ser precipitado tentar calcular qual é o
impacto das interferências, sem saber exatamente que tipo de interferência
ocorre. “Temos estudos que indicam que a TV interfere no celular e outros que
dizem o contrário. Precisamos aguardar a conclusão dos testes da Anatel para,
então, diante do problema concreto, pensar como resolver”, completou.
Segundo Costa, nem mesmo os clientes de TV paga ficam imunes à interferência dos
canais de TV aberta. Isto porque, explicou, principalmente nos serviços de DTH
oferecidos pela Sky, o conversor que capta os sinais de TV aberta via
radiofrequência, inclusive a de 700 Mhz. O executivo defende ainda o
ressarcimento das emissoras de TV digital - e não apenas as analógicas - que
terão que ser remanejadas. “Por enquanto, há ainda muito laboratório e pouca
prática”, lamentou. O executivo participa do 36º Encontro Tele.Síntese.
Destinação não está consumada
A destinação da faixa de 700 MHz e o desligamento do sinal analógico definirão o
futuro da TV aberta e, por isso, para os radiodifusores, o leilão da frequência
para banda larga móvel não é um fato consumado. Foi o que afirmou o presidente
da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel
Slavieiro. “Estamos no meio de um processo e existem compromissos do governo de
acomodar todos os canais existentes”, afirmou.
Slavieiro disse que o ponto principal do processo está no grau de interferência
entre os dois serviços, por isso o resultado dos testes práticos, que estão
sendo realizados em Pirenópolis, são de extrema importância. “Os resultados
serão decisivos para apontar os próximos passos”, disse. O presidente da Abert
disse que é preciso que todos os custos estejam cristalizados no edital, para
evitar surpresas tanto para os radiodifusores como para as operadoras de
telecomunicações.
Com relação ao desligamento, a preocupação da Abert é com a cobertura, se haverá
televisores ou conversores para todos os cidadãos. “Nós precisamos de frequência
para crescer, para evoluir”, disse Slavieiro. Ele afirmou que até o presente
momento, todos os compromissos assumidos pelo MiniCom e pela Anatel com os
radiodifusores estão sendo cumpridos.
Cronogramas
O Ministério das Comunicações somente divulgará o cronograma de desligamento
escalonado da TV digital quando for concluído o replanejamento dos canais, em
andamento na Anatel. Junto com o cronograma, virá também o plano de subsídios
para garantir a recepção do sinal digital para todos os brasileiros. A
expectativa é de que isso ocorra em março, disse a secretária de Serviços de
Comunicações Eletrônicas do Ministério das Comunicações, Patrícia Ávila.
Segundo a secretária, até 2013 foram digitalizados quatro mil canais, que
representam menos de 50% das emissoras em atividade. Mas avisou que deve
concluir a consignação de todos os canais digitais até 2016, quando terá
iniciado o desligamento escalonado do sinal analógico. “Tudo depende do
replanejamento dos canais”, disse Patrícia.
Patrícia adiantou que nos próximos dias o MiniCom vai publicar nova portaria da
TV digital, permitindo que as emissoras coloquem reforçadores no entorno
protegido da banda. O controle será feito a posteriori pelo ministério, para
evitar interferências entre canais. Outro ponto da nova norma será dispensar as
retransmissoras de licitação pública por impossibilidade técnica de competição.
Sobre o subsídio para aparelhos, Patrícia disse que várias alternativas estão
sendo estudadas. Paralelamente, o ministério está acompanhando o mercado de
venda de televisores de tela plana. Segundo a indústria espera vender, só este
ano, 25 mil novas TVs por causa da Copa do Mundo.
(Da Redação)