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Fonte: Tele.Síntese
[07/02/14]
Leilão de 700 MHz da 4G: Fazenda quer entre R$ 8 e R$ 12 bi das teles, como
saída fiscal - por Miriam Aquino
Leilão de venda da faixa de 700 MHz deve ocorrer em agosto
Informações de mercado confirmadas pelo ministro Paulo Bernardo ao Estado de S.
Paulo, que disse estar discutindo o tema com o Ministério da Fazenda, afirmam
que o governo quer arrecadar pelo menos R$ 2 bi por cada 10 MHz da faixa de 700
MHz a serem leiloados este ano. A menor conta que o mercado ouviu esta semana
foi de R$ 8 bilhões - pela aquisição dos 40 MHz que estarão disponíveis-, mas
fala-se que o governo pensa em cifras de até R$ 12 bilhões. A faixa toda a ser
leiloada - após a saída das emissoras de TV analógicas-, é de 90 MHz, totalmente
destinada para a banda larga móvel.
Na entrevista ao "Estadão", o ministro Paulo Bernardo afirmou: "Já tive
conversas com o secretário (do Tesouro) Arno Augustin sobre o leilão, e
especificamente sobre o valor da outorga. Já estamos discutindo isso seriamente,
mas ainda não há nenhuma definição",O ministro informou que equipes técnicas da
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), do Ministério das Comunicações e
do Tesouro Nacional estão debruçadas neste momento sobre os termos do leilão do
4G.
"A conta não fecha"
As empresas já ficaram atônitas quando souberam, no final do ano passado, que a
previsão de arrecadação estabelecida na Lei Orçamentária deste ano era de R$ 6
bilhões, valores já considerados muito altos. O mercado contava que o governo e
a Anatel iriam dar continuidade às políticas anteriores, de estabelecer nos
editais exigências de investimentos em metas de cobertura e de qualidade dos
serviços em troca de arrecadação para o Tesouro Nacional.
No leilão de 2,5 GHz realizado em junho de 2012, a primeira frequência de 4G
vendida pela Anatel, o governo arrecadou R$ 2,9 bilhões, mas estabeleceu pesadas
metas de cobertura, fazendo com que as operadoras levassem a telefonia e banda
larga para as áreas rurais brasileiras.
Para esta licitação, conforme disse o superintendente de regulação da Anatel,
José Alexandre Bicalho, em recente seminário promovido pelo Tele.Síntese, a
Anatel está pensando em ampliar as obrigações de investimentos em velocidade da
banda large e na qualidade. A ideia seria a de etabelecer obrigação de
construção de backhaul (linha de transmissão de banda larga), ampliação da
oferta de velocidade da banda larga móvel, ou mesmo antecipação das metas de
cobertura da 4G.
As operadoras já alegam que "a conta não fecha" e não vai fechar, se forem
mantidos preços mínimos nesses patamares desejados pela área econômica do
governo, que tem um duro ano fiscal pela frente, aliados a qualquer meta de
investimentos obrigatórios.
Há ainda um outro problema bastante sensível nesta discussão. É política do
governo, já publicada em norma do Ministério das Comunicações, que a ocupação
desta faixa de banda larga só poderá ocorrer com a garantia de que nenhum
brasileiro vá ficar sem assistir à TV. E isto significa que os conversores
digitais terão que ser subsidiados para a população de baixa renda (ainda não se
sabe o contingente populacional que será efetivamente atingido) e as emissoras
de TV terão que ser pagas para deixarem o espectro que hoje ocupam. Quem vai
pagar a conta?