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Fonte: Tela Viva
[11/02/14]
Radiodifusão questiona resultados de estudo da GSMA sobre interferências nos 700
MHz - por Helton Posseti
Como não poderia deixar de ser, o estudo da GSMA sobre a interferência entre a
radiodifusão e o LTE, divulgado há duas semanas, passa agora por uma análise
detalhada do setor de radiodifusão.
O primeiro ponto de questionamento do setor é o fato de o estudo não ter sido
formalmente apresentado no grupo de trabalho da Anatel criado para discutir o
tema, embora a GSMA tenha assento no tal grupo.
Em relação ao mérito do trabalho, conduzido pela consultortia Advanced
Topografic Development & Images (ATDI), o diretor de uso do espectro da Abert,
Paulo Ricardo Balduíno, questiona o fato de o trabalho da GSMA avaliar apenas o
comportamento da recepção por antenas externas sem amplificação, portanto
deixando de fora as antenas internas com e sem aplificadores e também as
externas com amplificação, muito usadas como antenas coletivas dos prédios no
Brasil.
Outra limitação do trabalho é o fato de serem consideradas apenas as
interferências causadas por sinal de fora da faixa e por interferência de
bloqueio, normalmente causadas por potência elevada. Ficou de fora os efeitos da
chamada “frequência imagem”, que é quando o sinal de interferência aparece no
meio da faixa.
Apesar do escopo limitado, afirma Balduíno, o documento em nenhum momento cogita
a necessidade de testes ou estudos complementares. “Sem demandar estudos e
testes complementares, sem traçar paralelo algum, acaba levantando a questão
sobre a validade e mesmo a necessidade das dezenas de estudos e testes feitos ao
longo de vários anos no Japão e no Reino Unido”, afirma ele.
O estudo chegou em um percentual de interferêcia de 1% sobre a base de
transmissores de TV, o que significa 50 mil residências afetadas em São Paulo e
10 mil em Brasília e Campinas. De acordo com Paulo Balduíno, o trabalho
encomendado pela GSMA pode ter levado a uma conclusão imprecisa, justamente por
que não considera a realidade da recepção de TV no Brasil. “Pelo que nós estamos
vendo no mundo, 1% é muito pouco”, afirma.