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Fonte: Tele.Síntese
[18/02/14]
Ocupação de 700 MHz é processo mais complexo que país já viveu - por Marina
Pita
Uso de repetidoras pelas empresas de radiodifusão seria um dos motivos, aponta
presidente do grupo Telefônica no país
O Brasil já passou por alguns processos de limpeza de faixa para sua subsequente
ocupação por serviços de telecomunicações. Isso ocorreu com a banda de 1,8 GHz,
utilizado pelas forças armadas, com a banda de 900 Mhz, utilizada por rádios
multiponto, e agora é esperado que ocorra com a faixa de 700 Mhz. Mas a
complexidade neste caso é maior, apontou o presidente do Grupo Telefônica no
Brasil, Antônio Carlos Valente, relembrando os tempos em que era do Conselho
Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em 1997.
"Pela primeira vez, nós temos broadcasters, que prestam um serviço muito
importante à sociedade, seja de entretenimento ou de informação", afirmou o
executivo, fazendo coro com os representantes do setor de radiodifusão. Segundo
ambos, como a potência da transmissão é alta, os riscos de interferência entre a
transmissão da TV Digital e a transmissão de banda larga móvel LTE - para a qual
a parte superior da faixa será destinada após o desligamento do sistema
analógico de TV - existem.
Valente lembrou que, à medida que as emissoras de TV começam a migrar para o
sinal digital, começam a utilizar elementos repetidores do sinal, o que torna o
planejamento do processo de não interferência ainda mais complexo. "É uma
questão técnica, não de desejo. Exige conhecimento prévio muito grande para que
possamos fazer um projeto de apagamento e de colocação no ar de novas
frequências que seja algo que não vai gerar inteferência mútua", afirmou. Para
ele, o sucesso do leilão da faixa de 700 Mhz para prestação de serviço de banda
larga móvel requer que todas as questões técnicas estejam "pacificadas e
controladas".
A questão é ainda mais delicada porque há poucas instituições com credibilidade
para fazer o estudo, na avaliação do executivo. Os três setores envolvidos na
migração da TV analógica para a digital e a liberação do espectro de 700MHz para
o uso pelas operadoras móveis encomendaram estudos de interferência entre as
tecnologias. A Sociedade Brasileira de Enganharia de Televisão (SET) apresentou,
na semana passada, o resultado do levantamento realizado pela Universidade
Mackenzie. A GSMA também apresentou o seu relatório. Os testes encomendados pelo
poder público estão em andamento.
Questionado se o atual modelo de regulação de infraestrutura da radiodifusão dá
conta das necessidades de convivência entre as tecnologias, Valente afirmou
apenas: "É o que temos". A regulação da radiodifusão é competência do Ministério
das Comunicações. A Anatel regula basicamente a fiscalização por delegação de
atribuição do Ministério das Comunicações.