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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[08/07/14]  Leilão da 700 MHz não deve ampliar encomendas à indústria - por Lia Ribeiro Dias

Como não haverá exigências de cobertura e as obrigações da faixa de 2,5 GHz poderão ser atendidas na 700 MHz, a demanda deve ser mantida.

O leilão da faixa de 700 MHz, que deve levar para os cofres do governo entre R$ 7 bilhões e R$ 9 bilhões na estimativa do mercado – outros R$ 5 bilhões serão destinados à mitigação das interferências –, provavelmente terá muito pouco impacto na vida dos fornecedores de infraestrutura de telefonia celular. A avaliação de alguns executivos é de que as operadoras que comprarem as licenças de 700 MHz vão transferir para esta faixa os investimentos que seriam feitos na 2,5 GHz, para cumprir as obrigações de cobertura de 4G assumidos naquele leilão.

Para a indústria, o melhor cenário seria que o leilão da faixa de 700 MHz fosse realizado nas mesmas condições que o da faixa de 2,5 GHz: valor baixo para as licenças e obrigações agressivas de cobertura e qualidade do serviço. “Essa seria a política adequada, porque preserva investimentos produtivos no Brasil pelos fornecedores de tecnologia, é vantajosa para os usuários e deixa recursos nas operadoras para investir na rede e nos serviços”, diz um executivo da indústria. Mas essa disputa já foi perdida há vários meses, desde que o Tesouro definiu o leilão da faixa de 700 MHz como veículo para fechar as suas contas.

Se o leilão não deve trazer aumento da demanda para a indústria, há o risco ainda de ele acabar travando os investimentos das operadoras neste ano. “Elas já estão segurando os investimentos em função do leilão, e o nosso temor é que depois não haja tempo para realizar todo o Capex programado para 2014”, avalia outra fonte. Nesse cenário, alguns entendem que os investimentos em 2014 podem ficar um pouco abaixo dos R$ 29,5 bilhões de 2013. “Se isso acontecer, os investimentos deverão crescer mais em 2015”, diz.

Market share

O mais provável é que o leilão seja disputado apenas pelas quatro maiores operadoras celulares do país – Claro, Oi, TIM e Vivo –, embora o governo, com o road show feito pelo ministro Paulo Bernardo e pelo presidente da Anatel, João Rezende, esteja tentando atrair novos interessados. Mantidos esses players, também é provável que estes não alterem os seus fornecedores de tecnologia de 4G. Se isso for verdade, o atual market share nessa tecnologia não deve sofrer grandes alterações: Ericsson na liderança, seguida pela Huawei e Nokia Networks.

A Ericsson tem mais da metade das ERBs em 4G. Os outros 50% estão divididos entre Huawei e Nokia Networks, com vantagem para a Huawei. A Nokia Networks, que viu seu espaço de mercado se reduzir nas primeiras licitações para a rede 4G, recuperou parte do que havia perdido ao ficar fora da rede de acesso da Oi (ganhou parte da rede da TIM e parte menor da rede da Claro), sua cliente até então. Quem levou os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo (à exceção da capital), foi a Alcatel-Lucent, que chegou a instalar 180 sites. No entanto, a operadora decidiu, por problemas de implementação, fazer um swapp da rede da Alcatel-Lucent pela tecnologia da Nokia Networks. A Alcatel-Lucent voltou a ficar fora do mercado (não está na 3G e fracassou na tentativa de entrar na 4G) de telefonia móvel, para o qual fornece apenas small cells (pequenas antenas para ampliar a cobertura indoor e mesmo outdoor).