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Fonte: Exame
[23/07/14]
Quem ficar fora do leilão 4G pode virar alvo de aquisição - por Brad Haynes
e Alberto Alerigi
Segundo Anatel, qualquer operadora que ficar de fora do leilão da faixa de 700
MHz enfrentará pressão de aquisição por outras empresas
São Paulo - Qualquer operadora de telefonia móvel no Brasil que ficar de fora do
leilão da faixa de 700 MHz para o 4G enfrentará pressão de aquisição por outras
empresas do setor, disse em entrevista à Reuters nesta quarta-feira o
superintendente de competição da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel),
Carlos Baigorri.
Segundo ele, o Grupo Oi é a operadora no país que enfrenta as maiores
dificuldades financeiras, mas ele mostrou confiança de que a companhia
participará do leilão.
Baigorri afirmou que a Oi é a única grande operadora no país que ainda não
anunciou se participará do leilão, que deve acontecer em setembro.
Questões sobre o papel da Oi no leilão 4G surgem após problemas de sua sócia
Portugal Telecom num empréstimo de mais de 1 bilhão de dólares para um acionista
da companhia. A fusão transatlântica deveria fortalecer as finanças da Oi, mas
após o empréstimo não ter sido pago, a Fitch cortou o rating de crédito da
companhia para grau especulativo.
"Das quatro operadoras do Brasil, a Oi é a que tem a situação financeira mais
desafiadora", disse Baigorri em entrevista por telefone, de Brasília. "Não se
pode negar que entrar no leilão será um desafio para a Oi."
"Qualquer empresa que ficar de fora do próximo leilão iria se tornar um operador
de nicho de 4G", acrescentou. "É muito provável que o valor dessa empresa comece
a sangrar. Logo, é de se esperar que vai ser a empresa a ser consolidada por 3."
Um porta-voz da Oi não quis comentar as declarações de Baigorri.
A especulação cresceu neste ano sobre possíveis fusões no mercado de
telecomunicações, que vem desacelerando no Brasil, onde a forte concorrência e
investimentos elevados em novas tecnologias estão pressionando os lucros.
Baigorri disse que, até recentemente, muitos pensavam que a Oi lideraria uma
consolidação sobre a TIM, unidade local da Telecom Italia SpA.
Qualquer consolidação seria uma decisão de mercado, e não uma escolha pela
Anatel, disse Baigorri. Se isso resultar em menos operadoras, os reguladores
teriam de responder com "medidas mais drásticas" para estimular a concorrência,
como incentivar a criação de operadoras virtuais, que competiriam em redes
existentes.
Baigorri disse que não seria o caso numa eventual fusão da TIM com a GVT, a
unidade local em banda larga da francesa Vivendi SA. A combinação de uma
operadora de telefonia fixa e uma operadora de telefonia móvel seria "muito
fácil e bem-vinda" do ponto de vista da Anatel, disse ele.
Mais cedo nesta quarta-feira, o presidente-executivo da Telecom Italia, Marco
Patuano, disse após reunião com a presidente Dilma Rousseff que não poderia
descartar uma fusão com a GVT, mas que tal movimento não está na agenda por
enquanto.
O Cade, órgão antitruste, também teria de rever qualquer fusão envolvendo
grandes operadoras de telecomunicações no país.
O Cade já recomendou a Telefonica a reduzir sua participação na Telecom Italia,
por exemplo, dado o conflito de interesses entre TIM e Telefônica Brasil.
Nos próximos dias, a Telefônica deve buscar a aprovação do Cade para os seus
planos de redução da participação, disse Baigorri.