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Fonte: Exame
[16/06/14]
Celulares com 4G atuais terão funcionalidade limitada - por Luciana Bruno
Rio de Janeiro - Celulares com recursos de Internet de quarta geração (4G)
vendidos desde o ano passado no Brasil terão funcionalidade limitada quando o
sinal de 700 MHz entrar em operação até 2016, já que não são compatíveis com
essa frequência.
Os celulares 4G vendidos atualmente no país operam na frequência de 2,5 GHz,
leiloada às operadoras em 2012 e cujas antenas foram instaladas em grandes
cidades. Assim, os recursos 4G de celulares atuais não funcionarão nas cidades
onde só houver a frequência de 700 MHz, disseram especialistas da indústria.
Para executivos do setor, isso não chega a preocupar, pois os usuários costumam
trocar de celular de dois em dois anos. Mas com aparelhos sendo vendidos a
preços superiores a 2 mil reais a mudança tem preocupado entidades de defesa do
consumidor.
"Enviamos um ofício questionando a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações)
sobre os primeiros passos do 4G no Brasil", disse a coordenadora da organização
de defesa do consumidor Proteste, Maria Inês Dulce. "Ao mudar a tecnologia, o
consumidor ainda não foi informado que terá que mudar de aparelho", disse.
O leilão da faixa de 700 MHz está previsto para agosto e a nova frequência
entrará em operação até 2016, segundo fontes da indústria. Adotada para o 4G em
países como Japão, Austrália, China, Índia e México, a frequência de 700 MHz tem
maior alcance, enquanto o custo de instalação de antenas é menor em relação à
faixa de 2,5 GHz, disse Wilson Cardoso, diretor de tecnologia da Nokia para
América Latina.
"Ainda este ano devem ser lançados de 20 a 40 aparelhos de celular diferentes
disponíveis em 700 MHz", disse o executivo.
Segundo ele, as operadoras devem migrar grande parte de seus investimentos em 4G
para 700 MHz, porque a frequência também tem maior qualidade de cobertura
interna e as obrigações de cobertura impostas pela Anatel poderão ser cumpridas
de forma integrada às do leilão de 2,5 GHz. "Imaginamos que grande parte do
dinheiro (das operadoras) será canalizado para os 700 MHz", disse.
A frequência de 700 MHz não foi escolhida inicialmente para o 4G no Brasil
porque estava ocupada por canais da TV aberta analógica, disse Eduardo Tude,
presidente da consultoria Teleco. Segundo ele, o processo de liberação da faixa
é complexo e a intenção do governo federal era lançar a banda larga móvel antes
da Copa do Mundo.
As quatro principais operadoras móveis do Brasil cumpriram meta estabelecida
pela Anatel de oferecer 4G nas cidades-sedes e subsedes da Copa do Mundo até
dezembro de 2013. A cobertura está sendo desde então ampliada a outras cidades.
A Vivo oferece serviço 4G em 94 cidades, enquanto a Claro está presente em 86
cidades. A Oi tem 4G em 45 cidades, assim como a TIM.
A Sony Mobile do Brasil é uma das fabricantes que ainda não tem aparelhos
compatíveis com 700 MHz. "Os próximos lançamentos com certeza trarão novidades
no quesito de conexão", disse Ana Peretti, diretora de marketing da empresa. Ela
completou que haverá lançamentos este ano com "experiência de conexão avançada".
De acordo com uma fonte da Anatel, a frequência de 700 MHz não vai substituir a
de 2,5 GHz, mas complementar a frequência anterior. "A faixa de 2,5 GHz carrega
melhor os dados e, a de 700 MHz, tem maior cobertura", disse a fonte. Esse
interlocutor disse não acreditar que haverá problemas para os usuários que têm
aparelhos compatíveis apenas com 2,5 GHz, após a faixa de 700 MHz entrar em
funcionamento. Segundo a fonte, o 2,5 GHz vai continuar tendo obrigações de
investimentos em infraestrutura de rede por parte das operadoras.
A avaliação da fonte da Anatel é de que as cidades que já operam com 2,5 GHz, em
geral as maiores do país, continuarão com o serviço e também terão a oferta de
700 MHz, enquanto os municípios com menos de 100 mil habitantes, que ainda não
têm 4G, devem ser atendidas diretamente pelo 700 MHz.
Para outra fonte da agência, quando o serviço de 700 MHz entrar em vigor em
meados do ano que vem, boa parte dos usuários de 4G já deverá ter trocado seus
aparelhos.
Mercado em crescimento
A previsão de especialistas é de que a participação de celulares 4G crescerá
dentro da venda total de smartphones.
Em 2013, do total de celulares inteligentes vendidos no Brasil (35,6 milhões),
10 por cento foram aparelhos com recursos 4G, segundo a consultoria IDC. A
empresa de pesquisa ressalvou, porém, que apenas 2 ou 3 por cento dessa fatia
tinha plano 4G ativado nas operadoras.
A projeção da consultoria é que este ano a venda de smartphones suba 30 por
cento no Brasil, enquanto a participação dos aparelhos 4G deverá passar de 10
para até 20 por cento, disse Leonardo Munin, analista de mercado da IDC.
"O crescimento do 4G é satisfatório, mas só vai decolar daqui a uns dois anos,
pois ainda precisamos de cobertura e infraestrutura melhor", disse o analista.