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Fonte: Tele.Síntese
[19/05/14]
Anatel vê ‘operação de guerra’ para efetivar venda da faixa de 700 MHz - por
Lúcia Berbert
Superintendente disse que o Brasil está fazendo de uma só vez o que outros
países fizeram de forma escalonada. A vantagem é de que conta com as
experiências internacionais.
A Anatel rebateu todas as críticas às propostas de regulamento de convivência
entre os serviços de LTE e TV digital e do edital do leilão da faixa de 700 MHz,
durante audiência pública realizada nesta segunda-feira (19), na agência. Mas
reconhece que terão pela frente uma verdadeira operação de guerra, que reunirá a
um só tempo o que outros países fizeram escalonadamente, que são a digitalização
da TV digital, o desligamento e a venda da faixa com os processos de mitigação
de interferências.
“A nossa vantagem é de que contamos com os resultados dos processos completados
em outros países”, ressaltou o superintendente de Planejamento e Regulamentação,
José Alexandre Bicalho. Ele afirma que todos os cuidados estão sendo tomados
para que esses processos ocorram sem sobressalto no país.
A principal preocupação dos radiodifusores é com as interferências entre os dois
serviços e contestam alguns resultados dos testes que, segundo a Abert
(Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) só contemplaram 50% do
planejado. Posições que a Anatel rebateu, afirmando que mais de 90% do que se
propunha foi contemplado. “Nós avaliamos as piores situações e por esse motivo,
descartando cenários menos extremos entendendo que já estariam atendidas”,
afirmou o superintendente de Outorga e Recursos a Prestação, Marconi Maya.
O ponto que mais sensível é com relação ao uso da antena interna amplificada,
que pouco foi testado. Para a Anatel, esse problema é só da TV digital que, na
avaliação da agência, só tem cobertura completa com antena externa. Mas os
radiodifusores afirmam que a antena interna amplificada atende muito bem e que é
largamente usada. Eles entendem que a interferência nesse caso é maior, conforme
experimentos que ainda estão sendo feitos pela Abert e SindiTelebrasil.
Custos
Para as teles, a maior preocupação diz respeito a custos. Por isso, solicitam a
divulgação das metodologias para cálculo, inclusive para avaliar os valores com
mitigação e ressarcimento dos radiodifusores. “Essa licitação é mais complexa do
que as anteriores e precisa ter em mente a sustentabilidade econômica e os
incentivos aos investimentos”, disse o diretor do SindiTelebrasil, Sérgio Kern.
A entidade pediu a prorrogação das consultas por mais 30 dias para que as
operadoras tenham condições de fazer as contribuições com base em dados reais. E
ainda solicitam que, depois de aprovado, o regulamento de convivência entre em
nova consulta pública por mais 30 dias.
O superintendente de Planejamento e Regulamentação, José Alexandre Bicalho,
disse que todos os custos estão sendo considerados, inclusive com base no
cronograma de desligamento dos canais analógicos. Ele confirmou que esse
cronograma ainda não saiu.
Sobre a prorrogação da consulta pública, Bicalho disse que os prazos com que a
Anatel está trabalhando para a realização do leilão em agosto, não há espaço
para isso. Mas essa decisão deverá sair do conselho diretor da agência.
Democratização
Para os canais públicos, a situação pior é com relação ao crescimento das
emissoras do setor, já que não existe espaço reservado para eles na nova
configuração da faixa. Porém, o presidente da EBC, Nelson Breve, a possibilidade
de distribuição de um codificador com interatividade para os inscritos no Bolsa
Família já é um alento. A emissora já teste serviços de governo em
interatividade que comprovam o benefício da facilidade.
A audiência pública teve de ser prolongada para a parte da tarde, em função do
grande número de inscritos. Mais duas audiências públicas sobre o tema serão
realizadas, a próxima em São Paulo (26) e a última em Brasília (29).