WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Espectro de 700 MHz --> Índice de artigos e notícias --> 2014
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na
Fonte: Instituto Telecom
[27/05/14]
A mina de ouro dos 700 MHz
No mesmo momento em que ocorre a Consulta Pública sobre a utilização da faixa de
700 MHz, estratégica para a inclusão digital, o sindicato das operadoras vem a
público questionar os dados da União Internacional de Telecomunicações, segundo
a qual o Brasil tem um dos mais altos preços de celular do mundo. A posição das
empresas vai contra a apresentação feita pela Anatel nas audiências públicas
realizadas em Brasília e São Paulo, que indica a perspectiva de uma redução de
preços nos serviços, “decorrente da otimização de infraestrutura”. Pelo
questionamento das operadoras, o que se conclui é que elas não têm nenhum
projeto de redução de valores.
No Nossa Opinião da semana passada alertamos sobre a importância das consultas
públicas relativas ao edital de licitação da faixa de 700 MHz. E um dos aspectos
que destacamos foi justamente o preço que deverá ser pago pelas operadoras de
telecomunicações para saírem vitoriosas no processo licitatório.
O capítulo 157 da Lei Geral de Telecomunicações, que trata do espectro de
radiofrequências, estabelece: “o espectro de radiofrequências é um recurso
limitado, constituindo-se em bem público, administrado pela Anatel”. Ou seja, é
um bem estratégico que deve ser utilizado para responder às demandas de
políticas públicas da sociedade. É o caso da discussão dos 700 MHz, faixa hoje
ocupada pelos radiodifusores, que darão lugar às operadoras de 4G.
As operadoras vencedoras, segundo a Anatel, arcarão com todo o processo de
limpeza da faixa. Isso inclui aquisição e instalação de equipamentos e
infraestrutura essenciais para garantir as mesmas condições técnicas de
cobertura, capacidade e qualidade dos canais de TV; aquisição e distribuição de
um conversor de TV Digital para cada família cadastrada no Bolsa Família;
aquisição e distribuição de um filtro para cada família cadastrada no Cadastro
Único para Programas Sociais do Governo Federal. O valor global desse custo
deverá constar do edital de licitação da faixa.
Nós, do Instituto Telecom, consideramos que um dos critérios a serem utilizados
para a concessão da faixa seria o compromisso da operadora de reduzir
significativamente os preços praticados. A China Mobile acabou de anunciar uma
redução de até 50% do valor das tarifas de sua rede 4G agora em junho. Não é uma
boa referência?
Diante de tantas implicações técnicas, políticas, sociais e institucionais, o
Instituto Telecom e o Clube de Engenharia estão encaminhando uma carta ao
presidente da Anatel, João Rezende, propondo a prorrogação da consulta por mais
trinta dias. Propomos ainda a realização de uma audiência pública no Rio de
Janeiro, dada a importância da rede de usuários aqui presentes e a concentração
de prestadores de serviço de telecomunicações e radiodifusores.
O que está em jogo é a oportunidade de discutirmos mais profundamente a
utilização de uma faixa de frequência que, dependendo do resultado das consultas
e audiências públicas e a consequente formatação do edital de licitação, poderá
aumentar ou diminuir a desigualdade social, aumentar ou diminuir a exclusão
digital. O acesso a um serviço de boa qualidade, a preços módicos, é
fundamental. A faixa de 700 MHz vale ouro.