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Fonte: CanalTech
[18/03/14]
Leilão do 4G e limpeza do Espectro 700 mhz: quem pagará a conta? - por Dane
Avanzi
Recentemente o governo federal divulgou que o Leilão da faixa de 700 mhz, que
será licitada para as operadoras de telefonia móvel, pode chegar a arrecadar de
12 a 15 bilhões de reais. Cabe esclarecer aos consumidores dos serviços de
telefonia móvel que esse valor será desembolsado pelas operadoras apenas para
ter o direito de uso do espectro radioelétrico. Em termos simples, é o espaço
aéreo por onde "trafegam" as ondas de telecomunicação dos aparelhos celulares.
Considerando que o direito de outorga da faixa é apenas um dos investimentos das
operadoras para viabilizar o serviço de 4G, sendo necessário para sua
efetividade a construção de torres, instalação, atualização e em alguns casos a
substituição de equipamentos transmissores de sinal, tudo isso a ser
implementado em território nacional, convenhamos que será preciso muito dinheiro
para se instrumentalizar tal projeto.
O que você tem a ver com isso? Adivinhe quem vai pagar essa conta? Obviamente,
todos esses recursos sairão do bolso do consumidor, que pagará mais caro ainda
por um serviço cuja perspectiva é de piorar ainda mais. Tal viés de piora se
baseia no fato do governo federal estar estudando a hipótese de flexibilizar as
obrigações das operadoras móveis em troca de maiores lucros no leilão da faixa
que deve ser licitada em agosto desse ano. A regra do jogo, o edital, será
publicado até julho após consulta pública que será publicada em abril.
Pensa que a conta vai ficar por aí? Tem mais, e é "chumbo grosso". Para as
operadoras de telefonia móvel iniciarem as atividades na faixa de frequência de
700 mhz, hoje ocupadas pela TV analógica, deverá ser investida uma soma mais
vultosa ainda no processo de "limpeza do espectro", jargão utilizado pelos
profissionais da área para atualização dos equipamentos transmissores de TV
analógicos que deverão ser substituídos por digitais e continuarão na mesma
faixa operando em subfaixas de canais adjacentes ao 4G das operadoras de
telefonia móvel.
Em verdade, o processo de "limpeza do espectro" vai além da questão de custos,
representando, sobretudo, um desafio de engenharia para a convivência entre os
dois sistemas, cujo histórico de interferência (do celular para a TV e da TV
para o celular) nos países onde esse sistema já operam como Japão, França,
Inglaterra, Austrália, é alto. Soluções técnicas para mitigar o problema de
interferência demandam a remodelação de toda a infraestrutura de transmissores
(antenas, filtros, cabos) e terminais, tanto de TV como de telefonia móvel.
A queda de braço entre as operadoras de telefonia móvel e as concessionárias do
serviço de televisão, está focada em quem deverá pagar esse custo da limpeza do
espectro. A briga é de "cachorro grande". Pois de um lado estão as operadoras
com um poder de compra descomunal e de outro as TV's cuja bancada em peso do
congresso nacional possui concessões para retransmissão de programação em seus
respectivos Estados de origem. E quanto aos consumidores, quem olhará por nós?
Dane Avanzi é advogado, empresário do setor de engenharia civil, elétrica e de
telecomunicações. É diretor superintendente do Instituto Avanzi, ONG de defesa
dos direitos do consumidor de telecomunicações e vice-presidente da Aerbras -
Associação das Empresas de Radiocomunicação do Brasil.
Sobre o Grupo Avanzi: www.grupoavanzi.com.br (11) 2101 4080