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Leia na Fonte: Convergência Digital
[23/09/14]
Ausência da Oi no leilão 4G: jogada de mestre ou xeque-mate no governo? -
por Ana Paula Lobo
A não participação da Oi no leilão de 700 MHz- decisão confirmada nesta
terça-feira, 22/09 em fato relevante encaminhado à CVM- divide as opiniões de
analistas consultados pelo portal Convergência Digital. Para Juarez Quadros, da
Orion Consultoria e ex-ministro das Comunicações no governo FHC, por mais que
justifique sua decisão com frequências disponíveis, a Oi poderá perder valor de
mercado. "Foi uma decisão estratégica muito difícil de ser tomada pelos gestores
da Oi", sustenta. Já Eduardo Tude, do portal Teleco, diz que a ausência não é
uma surpresa. "Preço alto e o uso da licença apenas daqui a cinco anos nos
mercados mais fortes pesaram".
Para analistas financeiros, que preferiram se manter no anonimato, a decisão da
Oi de não participar do leilão 700 Mhz pode indicar uma possível proposta pela
TIM Brasil, conforme o já antecipado em comunicado à CVM com a contratação do
BTG Pactual. Mas, se foi essa a intenção, a 'jogada' seria bastante ousada. "A
Oi precisa cuidar da sua dívida e dos seus investimentos. A fusão com a Portugal
Telecom ficou arranhada com o calote de quase R$ 1 bilhão. E na minha opinião, a
Oi fez muito bem em não participar. Investir em licenças com 15 anos de
concessão e que só ficam disponíveis depois de cinco anos?", ingadou um analista
do setor, que também preferiu não ser identificado.
Já para Juarez Quadros, da Orion Consultoria, a decisão da Oi de não participar
tem impacto direto nos planos do governo, especialmente, no ponto de vista
arrecadatorio. "O leilão poderá perder valor sim, pois há a possibilidade de os
eventuais vencedores o fazerem mediante a oferta de lances mínimos pela valiosa
frequência de 700 MHz. Mas, é prudente esperar o próximo dia 30 de setembro",
frisou. O governo planejava - antes da retirada da Oi - arrecadar R$ 8,2 bilhões
com a venda das licenças - seriam 4 licenças nacionais. Agora, sem a Oi é
preciso entender como a Anatel vai licitar essa faixa nacional 'deserta' com a
ausência da Oi.
"Na primeira rodada do leilão do dia 30 de setembro, o governo não deve alcançar
os R$ 8 bilhões. Terá que esperar a segunda rodada e o apetite das teles - TIM,
Claro e Telefônica - de comprarem mais 5Mhz ou 10 Mhz de espectro e terem um
diferencial competitivo. A hora é de fazer contas para quem fez proposta. Elas
sabem que vão ter que assumir o custo da migração da TV digital. Serão
divididos, no mínimo, R$ 900 milhões, podendo aumentar", ressalta analista
consultado pelo Convergência Digital.
A presença da TIM foi analisada como questão de honra. "A TIM não poderia ficar
de fora. Se ela ficasse de fora, as consequências seriam graves. A Telecom
Italia já perdeu a GVT para a Telefônica. Não poderia ficar sem a licença de 700
Mhz", avalia um analista. Para todos os analistas consultados pelo portal
Convergência Digital, a sensação inicial da ausência da Oi é de derrota imediata
para o governo, em especial, para o Ministério das Comunicações e para a Anatel.
"O olhar arrecadatório sobre o leilão provocou muitos problemas e, agora,
teremos problemas com arrecadação esperada", sentencia um analista.
A Oi, apesar de todos os analistas consultados dizerem que a ausência dela no
certame é negativa, tem ainda a expectativa de conseguir novas licenças mais à
frente. "Não podemos esquecer que a Nextel, que está fora do leilão, possui
licenças de 850 MHz e poderia ser um ativo importante para a Oi, além da própria
TIM, num acordo mais costurado com bancos de investimentos. Como as licenças de
700 MHz só vão ser usadas nos mercados centrais - Rio e São Paulo - depois de
2016, há um tempo para se consturar novos planos estratégicos", pondera um
analista financeiro.
É bom lembrar que a Oi contabilizava uma dívida líquida de R$ 46,2 bilhões ao
final do segundo trimestre, 52,8% superior a um an o antes, devido à
incorporação da Portugal Telecom. É o maior patamar do setor. A TIM tinha dívida
líquida de R$ 1 bilhãoao fim de junho, e a Vivo, de R$ 2,5 bilhões. A Claro,
cujos resultados são divulgados no balanço da América Móvil, não informou sua
dívida líquida. E a Nextel está com a sua controladora, a NII Holdings, com
pedido de concordata na justiça dos Estados Unidos.