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Leia na Fonte:
Convergência Digital
[26/03/15]
TV Digital: Teles e TVs comerciais pressionam por conversor mais barato -
por Luís Osvaldo Grossmann
Na disputa pelo modelo de televisão digital, oito modelos de conversores serão
cotados junto a fornecedores ao longo do próximo mês. Um deles será escolhido
por teles, emissoras de TV e governo para ser distribuído a 14 milhões de
famílias – e vai indicar na prática o quanto os brasileiros mais pobres
conhecerão de interatividade no novo sistema de televisão aberta.
“Partimos da especificação mais básica, que minimamente respeita a Portaria Nº
481, de 9 de Julho de 2014 e possibilita que o consumidor utilize sem precisar
comprar mais nada e vamos até o modelo mais completo de Ginga, passando por
vários intermediários”, explica o conselheiro da Anatel Rodrigo Zerbone, que
presidente o grupo de implementação da digitalização, o Gired.
Por básico, entenda-se um set top box que faz pouco mais que traduzir a
transmissão digital de TV mesmo para televisores analógicos. No jargão dos
engenheiros de televisão, é a especificação “B” do Fórum Brasileiro de TV
Digital. O próprio Zerbone reconhece que ele só garante “uma interatividade
limitada”. E de tão básico o modelo a ser cotado não terá canal de retorno.
Podia ser ainda menos. As operadoras móveis trouxeram para a reunião do Gired
nesta quarta-feira, 25/03, a tentativa de que fossem cotados mesmo modelos que
não atendem nem as especificações mínimas. A ideia era ter o preço mais barato
possível, ainda que o conversor não tivesse entrada USB ou mesmo botão de
liga/desliga – nem mesmo pilhas no controle remoto.
Na prática, o que se viu no Gired foi uma união de interesses das operadoras
móveis e os radiodifusores comerciais. As teles querem que os custos mais
baixos, pois são elas que pagam a conta e têm como principal (único até)
interesse o desligamento dos sinais analógicos de TV para poderem usar a faixa
de 700 MHz para vender 4G.
Já as tevês comerciais, que pouco apostaram na interatividade, também querem um
conversor simples. O preço é importante, pois não pode haver risco de faltar
dinheiro para os anúncios sobre a migração (que até aqui estão estimados em algo
perto de R$ 130 milhões). Mais importante ainda é evitar que a televisão abra
uma oportunidade de mercado para as teles, via canal de retorno.
Não por menos a defesa de que os conversores precisam ser mais completos é
praticamente limitada à televisão pública, tanto via TV Brasil, do Executivo,
como pelas emissoras do Legislativo, TVs Câmara e Senado. A ideia é que com uso
de melhores recursos – leia-se, um Ginga mais robusto – serviços públicos,
financeiros, informações, aplicativos em geral, poderão ser acessados pela TV.
Pouco apareceu de custos até aqui. A radiodifusão comercial acredita que o
conversor “B” ficará por volta de R$ 70 a unidade. Essa conta, no entanto,
parece muito ligada ao interesse de que os conversores não ultrapassem R$ 1
bilhão – dos R$ 3,6 bilhões destinados para a migração. Tampouco há indicações
claras de quanto custaria a distribuição aos 14 milhões de beneficiários do
Bolsa Família.
Tudo indica que ao contrário dessa escassez de dados, a próxima reunião do Gired
– prevista para 29 de abril – seja mais complicada exatamente pela diversidade
de cotações e de interesses. “Será a reunião mais difícil, tanto que já pedi
para que reservem na agenda um dia a mais para os representantes ficarem em
Brasília”, confessa Rodrigo Zerbone.