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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[07/10/15]
TV propõe liberar faixa de 700 MHz em 5 mil cidades e adiar o desligamento nos
grandes centros urbanos - por Miriam Aquino
Com o argumento de que a realidade econômica é outra, e que seriam afetados no
próximo ano 80 milhões de brasileiros, se for mantido o cronograma de
desligamento da TV digital previsto para 2016 – que inclui as capitais Brasília,
São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Goiânia –, a Abert, entidade que
representa as emissoras comerciais brasileiras, apresentou ontem, 06, a sua nova
proposta para a transição da TV analógica para a digital. Segundo o presidente
da entidade Daniel Slavieiro, a proposta é que o desligamento da TV seja
desatrelado da entrega da faixa de 700 MHz, o que significa dizer que as
operadoras de celular poderão usar a frequência já para oferecer a 4G nos
municípios onde não há problema para a limpeza da frequência (mais de 5 mil
municípios brasileiros) e nos grandes centros, haveria um adiamento do switch
off.
Ontem, 6, o novo ministro das Comunicações, André Figueiredo, já anunciava a
disposição do governo de estudar o pleito de adiamento que teria sido feito pela
Abert, posição esta que foi depois confirmada pela presidente Dilma Rousseff,
durante a abertura do 27º Congresso Brasileiro de Radiodifusão, em Brasília. “O
desligamento da TV analógica é muito complexo e o cronograma é apertadíssimo. Em
um momento em que a conjuntura econômica está difícil, será que devemos dar
maior ônus à população para comprar o set top box ou uma TV nova? Será que faz
sentido dar mais esse ônus à população?” indagava Daniel Slavieiro, presidente
da Abert – entidade que congrega todas as redes comerciais de rádio e TV do país
– ao anunciar a proposta dos empresários na noite de ontem.
Proposta essa que tem o respaldo da presidente Dilma Rousseff. Ela reconheceu
que o cronograma estabelecido pode ser de “difícil cumprimento para a extensão
do país”. E afirmou: “cronograma se ajusta e dificuldades se superam, sempre”.
Conforme a presidente, o ministro André Figueiredo deverá atuar em um esforço
concentrado nas próximas semanas e meses para cuidar da mais importante etapa da
TV analógica para a TV digital, pois “não existe uma única forma”, adequando
este cronograma à situação “política econômica e social do país”, além de manter
o compromisso e dever de que 93% dos lares brasileiros estejam aptos para
receber o sinal de TV digital antes do desligamento.
Conforme o cronograma aprovado pelo Ministério das Comunicações, até 2018 todas
os sinais de TV analógica deveriam deixar de ser transmitidos no país. E foi
feito um cronograma de escalonamento desse desligamento. A cidade de Rio Verde,
em Goiás, foi a escolhida para o teste-piloto, com data marcada para o dia 29 de
novembro deste ano. Para o ano de 2016, estão previstas as cidades de Brasília
(6 de abril); São Paulo (15 de maio); Belo Horizonte, (26 de junho); Goiânia (28
de agosto); Rio de Janeiro (27 de novembro). As emissoras de TV precisam
desligar os sinais porque esse espectro que elas ocupavam foi vendido para as
operadoras de celular oferecerem os serviços de banda larga móvel, a 4G.
Na decisão tomada pela Anatel, há ainda a condição de que, mesmo depois do
desligamento, as operadoras de celular só podem ocupar a faixa um ano depois de
ela ter sido desocupada, decisão que poderia ser flexibilizada a critério da
agência ou do Gired (grupo multi stakeholder que conduz o processo de migração
formado pela Anatel, radiodifusores e operadores de celular). Pois o que os
empresários de radiodifusão estão propondo é justamente flexibilizar esta
exigência incondicionalmente, em troca da rediscussão do cronograma nas cidades
que têm problema de frequência.
SEM DESLIGAMENTO
Conforme Slavieiro, nos municípios onde as operadoras de celular já podem ocupar
a frequência de 700 MHz, as emissoras de TV simplesmente iriam migrar para as
frequência mais baixas, de UHF e não seriam desligados os canais analógicos,
fazendo com que os telespectadores não deixassem de ver os programas, e com isso
não precisassem comprar o aparelho de TV digital ou o conversor de sinais. Mas o
problema é que haveria quase a totalidade da população brasileira que
continuaria a ficar sem receber os sinais digitais por um período muito maior do
que o cronograma estabelecido pelo governo. Na estimativa de Slavieiro,
paulatinamente, as emissoras iriam digitalizando as suas transmissões nessas
cidades, o que poderia ocorrer até o ano de 2022.