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Estadão
[02/06/16]
Governo começa a distribuir cerca de 350 mil conversores de TV Digital no DF
- por Thiago Sawada
Pelo cronograma do Ministério das Comunicações, Brasília e cidades do entorno
devem encerrar transmissão de TV analógica em outubro
O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações iniciou ontem a
distribuição de conversores de TV digital a famílias de baixa renda de Brasília
e de nove cidades de Goiás. A medida faz parte do processo de implantação do
Sistema Brasileiro de TV Digital, que prevê o desligamento da transmissão de
sinal analógico até o fim de 2018 em todo o País. Em 26 de outubro, Brasília
deve se tornar a primeira capital a fazer a migração completa para o sinal
digital.
O processo também engloba os municípios de Águas Lindas, Cidade Ocidental,
Cristalina, Formosa, Luziânia, Novo Gama, Planaltina de Goiás, Santo Antônio do
Descoberto e Valparaíso de Goiás, próximos à capital federal. Hoje, apenas a
cidade de Rio Verde, em Goiás, que serviu como piloto do programa, teve a
transmissão do sinal analógico encerrada.
Beneficiários inscritos no Bolsa Família e no Cadastro Único do Ministério de
Desenvolvimento Social e Agrário têm direito a receber, sem custo, um kit com
conversor e antena para TV digital. Para isso, é necessário agendar um horário –
pela internet ou pelo telefone 147 – para retirar os equipamentos em algum dos
20 centros de distribuição – 12 deles estão em Brasília. Os conversores devem
ser ligados a aparelhos de televisão antigos, para que eles se tornem
compatíveis com a programação digital de TV aberta.
A Seja Digital, entidade criada pelas operadoras de telecomunicações para
conduzir a digitalização no País, faz a distribuição dos equipamentos. Ao todo,
os habitantes de Brasília e das outras nove cidades vão receber cerca de 350 mil
conversores – metade deles serão oferecidos para beneficiários do Bolsa Família.
De acordo com o diretor geral da Seja Digital, Antonio Carlos Martelletto, o
investimento para a compra e distribuição dos kits foi de R$ 100 milhões.
“Estamos trabalhando com a perspectiva de garantir a entrega dos equipamentos
para 80% dos beneficiários até o fim de julho”, diz Martelletto. As pessoas vão
poder retirar os kits no prazo de até 30 dias após o desligamento do sinal
analógico. Caso sobrem equipamentos, o governo vai destiná-los para as próximas
cidades onde o sinal analógico será desligado.
Desafios. Pelas normas do Grupo de Implantação do Processo de Redistribuição dos
Canais de TV e RTV (Gired) – que determina as normas para a adoção da TV digital
no País –, o desligamento em uma cidade só pode ocorrer quando 93% dos
domicílios estiverem preparados. A dificuldade em atualizar a base instalada de
TVs é o principal entrave à implantação do Sistema Brasileiro de Televisão
Digital Terrestre, criado em 2006.
Na época, o governo previa que o sinal analógico de TV seria desligado em dez
anos. Em junho de 2013, o prazo foi adiado para 2018. Em janeiro deste ano, o
governo postergou mais uma vez a migração em algumas capitais do País para 2017,
caso de Rio de Janeiro e São Paulo, embora ainda conserve 2018 como o último ano
do sinal analógico no País.
Desde o dia 1º de março, toda a programação de TV em Rio Verde é transmitida em
sinal digital. O encerramento do sinal analógico só foi possível porque o Gired
estendeu a entrega de conversores para pessoas do Cadastro Único e interrompeu a
transmissão analógica com 85% dos domicílios preparados, taxa menor do que a
determinada.
Ainda não está claro se o governo vai flexibilizar a porcentagem de domicílios
nas novas cidades onde o sinal será desligado. “A experiência em Rio Verde
mostrou quais os pontos-chave que a gente precisa trabalhar para atingir a meta
de conversão”, diz Martelletto.
Para ele, o processo na região do Distrito Federal terá menos empecilhos, porque
todas as grandes emissoras têm programação local em Brasília, o que vai
facilitar a divulgação de informações sobre o desligamento do sinal. “Em Rio
Verde, havia apenas uma emissora local. Então toda a propaganda que fizemos
passava em apenas um canal. Isso dificultava muito o processo de conscientização
da população."
Limpeza. As emissoras de televisão utilizam a faixa de frequência de 700 MHz
para transmitir o sinal analógico. Um dos objetivos do programa de digitaliação
é "limpar" esta faixa para que as operadoras de telecomunicação possam expandir
o serviço do banda larga móvel (4G) no País. Claro, TIM e Vivo arremataram os
lotes de frequência em um leilão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
em 2014 por R$ 5,85 bilhões. Atualmente, as operadoras usam a frequência de 2,5
GHz para 4G, mas os 700 MHz são cobiçados porque exigem menor investimento em
antenas.