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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[12/11/12]
PGMC: poder de mercado na EILD pode ser definido por bairro
Tele.Síntese Análise 363
Ainda são grandes os debates entre os conselheiros da Anatel sobre o Plano Geral
de Metas de Competição (PGMC). Se o documento fosse submetido a voto esta
semana, raramente dois conselheiros teriam uma mesma opinião sobre a maioria dos
itens a serem tratados. É por essa razão que o plano não deverá ser apresentado
para votação no dia 1o de novembro, conforme pretendia o seu relator, Marcelo
Bechara, devendo ficar para o dia 8 ou, no mais tardar, dia 14 de novembro.
Mesmo sem consenso, alguns novos conceitos estão sendo analisados pelos
conselheiros e trarão novos impactos significativos para as duas concessionárias
locais – Telefônica e Oi. Entre eles, a definição das empresas que detêm o poder
de mercado para a oferta de banda larga no atacado (EILD).
Essa questão é fundamental para as duas concessionárias locais, tendo em vista
que a Anatel reduziu bastante o valor máximo que pode ser cobrado pelas empresas
com PMS, para oferecer essa facilidade de rede às outras operadoras. Neste item,
a Anatel precisava definir se as concessionárias locais teriam ou não poder de
mercado nas grandes cidades brasileiras, onde há intensa competição e grande
número de redes construídas.
Já havia um entendimento comum de que nas cidades com mais de quatro redes (e
não três redes, como chegou a ser estudado) não haveria a classificação das
operadoras com PMS. Isso significa dizer que em 137 cidades brasileiras (e os
principais mercados brasileiros) as duas concessionárias locais não estariam
obrigadas a vender as suas capacidades de rede ao preço estipulado pela agência.
Nos outros mais de seis mil municípios, as duas concessionárias seriam
enquadradas como detentoras de PMS e, por isso, obrigadas a compartilhar suas
redes.
Mas o interesse pela oferta de banda larga de qualquer operador está justamente
nesta centena de cidades, que congregam a maioria da população brasileira. Por
isso, nova proposta está sendo delineada: nessas cidades com grande número de
redes instaladas, a definição de PMS poderá ser feita pelo número do CEP ou por
bairro.
Com esta nova caracterização de mercado relevante, acredita-se estar garantindo
a oferta de banda larga no atacado mais barata nas periferias das grandes
cidades, onde estão presentes as redes das concessionárias locais, que ficariam
obrigadas a fazer ofertas de referência para cada bairro da cidade onde a
competição não estivesse caracterizada.
Em todos os casos de definição de PMS a operadora deverá fazer ofertas de
referências que possam ser replicadas para qualquer cliente, ofertas que terão a
metodologia de cálculo divulgada pela Anatel.
Mas não vai ser fácil as duas concessionárias locais aceitarem essas ou
quaisquer outras condições de obrigatoriedade de compartilhamento de suas redes
de comunicação de dados. Prova está na discussão da implementação do regulamento
de EILD, revisado antes da publicação deste plano de competição. Neste
regulamento a agência definiu que Oi e Telefônica têm poder de mercado em todo o
território brasileiro, por serem concessionárias locais. E estabeleceu um prazo
para que os contratos assinados com os valores previstos em 2005 fossem refeitos
para os novos valores calculados este ano.
As primeiras reuniões de arbitragem, marcadas esta semana entre Embratel/Oi,
Embratel/Telefônica foram adiadas. Novas reuniões estão previstas para a próxima
semana entre as concessionárias e TIM e GVT, mas o desfecho deverá ser o mesmo:
adiamento ou falta de acordo. Tudo leva a crer que o embate vai parar na
Justiça.
Telefônica e Oi entendem que a Anatel não pode forçá-las a transferir recursos
de seus acionistas (através da redução de seus preços) para acionistas de outros
grandes grupos empresariais, como Telecom Italia e América Móvil. O que é
combatido pelas duas empresas.
A TIM argumentou que a agência reduziu este ano os custos da telefonia celular
(VU-M), o que implicou a redução de suas receitas, mas não conseguiu ainda
viabilizar a redução dos custos da rede fixa. Em carta ao conselho, a operadora
assinala que a Oi pede até reajuste do valor de sua EILD. E o grupo América
Móvil afirma que há mais de cinco anos o esperado regulamento do plano de
competição ou a queda dos preços da EILD está sendo aguardada pela empresa.