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Leia na Fonte: Teletime
[13/10/11]
Globosat teme excessos na regulamentação de conteúdos - por André
Mermelstein e Samuel Possebon
A Lei 12.485/2011, que criou o Serviço de Acesso Condicionado (SeAC) e
estabeleceu o novo marco regulatório para a TV por assinatura, tem como uma das
principais novidades a introdução do fator Ancine na regulação do mercado. A
agência, por lei, será a responsável por regular os aspectos referentes ao
conteúdo no novo serviço. E a primeira amostra do tipo de conflito que poderá
surgir daqui para a frente pode ser vista na preocupação da Globosat, a
principal programadora brasileira, em relação a como será a regulamentação do
SeAC a ser feita pela Agência Nacional de Cinema. Para Alberto Pecegueiro,
presidente da programadora, apesar da necessidade da atualização do marco legal
e dos aspectos positivos que a Lei 12.485 trouxe ao mercado, ainda não é
possível comemorar nada. "A nossa maior preocupação é que algumas ameaças
absolutamente estapafúrdias que chegaram a surgir no processo de elaboração da
lei possam querer voltar na regulamentação", diz.
A maior preocupação da Globosat é no tratamento que vai ser dado pela agência
para a relação entre programadoras e produtores independentes, sobretudo no que
diz respeito aos requisitos para qualificação do que é conteúdo de produção
independente e sua titularidade. "Achamos que interesses escusos, menores, de
grupos com acesso privilegiado, podem tentar se materializar. Por exemplo: como
será a qualificação das cotas de produção independente?", aponta o executivo.
Para ele, existe o risco de que a regulamentação traga definições diferentes das
que a lei prevê. "Uma coisa são as exigências de direito patrimonial sobre
produções independentes feitas com dinheiro de incentivo. Pode-se não gostar,
mas faz algum sentido. Outra coisa é a noção do que a lei já estipula para o que
é uma produtora independente para efeito de cumprimento de cota. Mudar essa
definição na regulamentação é oportunismo".
A questão é vital para a Globosat, já que seus canais são majoritariamente
compostos por produções independentes e estariam, por essa razão, adequados em
grande parte ao cumprimento das cotas previstas na Lei do SeAC. A programadora
já mantém uma relação com os produtores e uma política sobre a titularidade
destes programas. A programadora teria detectado pressões sobre a Ancine para
que determinadas regras de titularidade passem a fazer parte dos requisitos para
que se considere uma obra como independente. A programadora, poderia, por
exemplo, ser obrigada a abrir mão da titularidade sobre os programas que veicula
para que determinados conteúdos sejam considerados independentes como exige a
lei. A íntegra da entrevista estará disponível na edição de novembro da revista
TELA VIVA.
Vale lembrar que esse tipo de conflito que a Globosat antevê na regulamentação
já existe para alguns programadores internacionais em relação a obras bancadas
pelos recursos do Artigo 39. A Ancine não permite que essas obras, produzidas
por produtoras independentes, fiquem sob a titularidade do canal, por serem
produzidas com recursos incentivados.