Fonte: Teletime
O governo continua tendo dificuldades para reverter a liminar obtida pela
Pro Teste em novembro e que suspendeu a troca da meta de implantação de
Postos de Serviço de Telecomunicações (PSTs) pela instalação de backhaul.
Nessa segunda-feira, 12, foi publicada no Diário de Justiça do Distrito
Federal decisão do desembargador Souza Prudente mantendo a vigência da
liminar. Prudente, que analisa o caso no Tribunal Regional Federal (TRF) da
1ª Região, negou provimento ao pedido feito pela Anatel para anular a
suspensão assumindo para si boa parte das mesmas dúvidas levantadas pela
juíza de primeira instância que concedeu a liminar.
O principal aspecto observado pelo desembargador é a possibilidade de dano
ao erário público, visto que há dúvidas sobre a reversibilidade do backhaul.
Segundo o magistrado, os argumentos da Anatel não conseguiram derrubar as
"lúcidas razões" em que se amparou a liminar concedida pela juíza da 6ª Vara
do Distrito Federal, Maria Cecília de Marco Rocha. Sugere ainda que a
agência reguladora deveria ter mantido a cláusula que previa claramente a
reversibilidade desta nova rede nos contratos de concessão.
A retirada desta cláusula é um dos principais argumentos usados pela Pro
Teste para contestar a segurança das informações prestadas pela Anatel de
que o backhaul faz parte da lista de bens da União. Para o desembargador, a
não inclusão deste item no contrato induz que o backhaul não seria
reversível. "Ainda que prescindível fosse a previsão em referência, sem que
houvesse qualquer alteração no caráter de reversibilidade do backhaul, a sua
manutenção (da cláusula) nos referidos contratos em nada prejudicaria as
condições pactuadas, não se vislumbrando, em princípio, qualquer utilidade
na sua exclusão, que não seja a de conceituar como irreversível a estrutura
em referência".
Souza Prudente ainda não deliberou sobre um segundo agravo de instrumento,
apresentado pelo Ministério das Comunicações e que possui alguns argumentos
diferentes da petição da Anatel. No entanto, há uma expectativa do próprio
governo de que este agravo seja negado também por uma questão de coerência,
já que ambos contestam a mesma liminar e, portanto, estão unidos por
dependência.
Plano B
Apesar da nova derrota, o governo não se deu por vencido na questão. Tanto
Anatel quanto o Ministério das Comunicações, por meio da Advocacia Geral da
União (AGU), apelaram ao presidente do TRF para tentar reverter a suspensão.
Este noticiário apurou que existem dois pedidos de "suspensão de liminar ou
antecipação de tutela" apresentados diretamente ao presidente em exercício,
desembargador Antônio Ezequiel da Silva.
O material já está pronto para deliberação do desembargador, o que pode
ocorrer ainda nesta semana. O argumento para contestar as decisões em
primeira e segunda instância diretamente à presidência do tribunal é que a
liminar em vigor já há dois meses causa grave prejuízo a ordem pública, na
medida em que impede a continuidade dos programas de banda larga do governo.