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Fonte: Website do Jornal da Band
[06/04/11]
Anatel altera ilegalmente documento assinado por Lula (pauta@band.com.br)
A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que deveria atuar como fiscal
do patrimônio público, alterou ilegalmente um documento assinado pelo então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O objetivo era evitar que as operadoras de
telefonia fixa tivessem que devolver à União redes públicas de transmissão de
dados que seriam conectadas a milhares de escolas brasileiras.
O episódio teria acontecido no último 8 de abril de 2008, quando Lula reuniu
ministros para assinar um contrato que prometia revolucionar a educação no
Brasil. O acordo com as empresas de telefonia privadas levaria banda larga a 55
mil escolas públicas. Entretanto, o documento assinado pelo ex-presidente era
produto de uma adulteração feita na véspera da cerimônia. A mudança aconteceu na
minuta do decreto.
O texto original, que não podia ser modificado, previa que a infraestrutura
implantada para a conexão da internet fosse caracterizada como bem reversível,
devendo ser integrada ao patrimônio da União após o fim das concessões. Porém,
de um dia para o outro, a frase sumiu do decreto.
A advogada Flávia Lefévre, que na época era membro do Conselho Consultivo da
Anatel descobriu a adulteração e diz que a mudança foi feita pela própria
agência. O assunto foi parar na Justiça.
A Anatel foi obrigada a restituir o texto original. O desembargador Antônio
Ezequiel da Silva não aceitou a tese de que a reversibilidade dos bens estava
implícita e mandou a agência restabelecer a cláusula original ou, “assumir, nos
autos ou perante a história, a irreversibilidade de tal infraestrutura".
Passados três anos, as teles e a Anatel fazem uma nova investida contra as
normas que obrigam a devolução dos bens relacionados com a prestação do serviço
de telefonia fixa. As operadoras querem regras menos rigorosas.
A agência, sempre diligente com as concessionárias privadas, atendeu logo a
demanda e está prestes a mudar o regulamento de controle dos bens reversíveis. A
consulta pública número 52 prevê que bens ou contratos de até R$ 600 mil poderão
ser negoicados livremente pelas telefônicas privadas.
O documento cria também a figura do "bem em desuso”. Na prática entrega para
essas empresas todo o patrimônio que deixar de ser utilizado diretamente nos
serviços de telefonia.
É o caso de alguns dos imóveis mostrados ao longo desta semana pelo Jornal da
Band. São terrenos e instalações que hoje não têm mais equipamentos de
telefonia. A atuação da Anatel em favor das operadoras fica evidente.
Para Flávia Lefevre, se a Anatel não mudar suas práticas, o futuro pode trazer
ainda mais prejuízos para o Estado e para o contribuinte brasileiro.