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Teletime
[09/10/12]
João Rezende quer mudar o marco legal antes de 2025 - por Helton Posseti
O presidente da Anatel, João Rezende, defendeu nesta terça, 9, que o marco legal
do setor seja alterado antes de 2025, o que poderá significar o fim dos bens
reversíveis. Essa é a primeira vez que a Anatel fala explicitamente na
possibilidade de a figura dos bens reversíveis ser extinta. Rezende explica que
o tráfego nas redes fixas cai de 8% a 10% ao ano, o que significa que o valor
dessas redes em 2025 será muito inferior ao que é hoje. Por esse motivo, o
presidente da Anatel acha que a partir do ano que vem o debate sobre a alteração
do marco legal do setor deve ser iniciado. Na sua visão, um passo importante
nesse sentido foi a publicação na semana passada da lista de bens reversíveis
das concessionárias, obrigação vigente desde 1997, com a publicação da LGT.
“Mudar o modelo antes de 2025 envolve projeto de lei na Câmara e Senado.
Evidentemente ainda não estamos preparados, mas a União deverá fazer o debate
sobre essa questão e isso pode incluir o fim dos bens reversíveis”, disse
Rezende em conversa com jornalistas após a palestra de abertura da Futurecom.
O presidente da Anatel já adianta a sua visão sobre como deverá ser o serviço de
telefonia fixa após essa mudança de modelo. Para ele, a União deverá colocar
metas de atendimento e abrangência como hoje se faz nos leilões de
radiofrequência. “Precisamos dar uma remodelada nesse serviço para atrair novos
investimentos e exigir algumas metas”, afirma. "Acho que o modelo que está aí
vai prejudicar o investimento em telefonia fixa", disse ele.
Integração
Embora seja uma decisão unicamente empresarial, na sua palestra Rezende
demonstrou interesse em que as concessionárias façam a consolidação sob um único
CNPJ, a exemplo do que fez a Sercomtel recentemente. Essa integração foi
possível a partir da aprovação da Lei 12.485/2011 que alterou o artigo 86 da LGT,
segundo o qual a concessionária só poderia prestar o serviço de telefonia fixa
que é o objeto da concessão. A Telefônica/Vivo tem um pedido semelhante
tramitando na agência. No caso da Sercomtel, segundo ele, só os ganhos
tributários (que são descontados integralmente na assinatura básica)
representarão uma redução de 2% a 3% na assinatura básica. Além dos ganhos
tributários, os ganhos de eficiência serão repassados ao consumidor através do
fator X.
O presidente da Anatel negou que a integração possa dificultar a fiscalização da
agência. Ele lembrou que no caso da Sercomtel foi exigido que a empresa faça a
separação contábil para que haja visibilidade da utilização de meios da operação
fixa pela móvel. Além disso, a Anatel exigiu que a empresa mantenha os registros
de despesas e receitas internas da concessão. Para as grandes concessionárias,
caso sigam com um modelo de consolidação como o da Sercomtel, a Anatel já
indicou que as exigências serão mais pesadas, e devem incluir uma separação
funcional.