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Leia na Fonte:
Convergência Digital
[21/09/12]
Depois de 14 anos, Anatel começa divulgar lista dos bens reversíveis - por
Luís Osvaldo Grossmann
Depois de 14 anos da privatização da telefonia, a Anatel começou a apresentar
informações relacionadas aos bens reversíveis - ou seja, imóveis e equipamentos
utilizados nas concessões que devem retornar ao controle da União ao fim dos
contratos, em 2025. Apesar de importante, esse capítulo das telecomunicações
brasileiras é recheado de polêmicas.
Nas contas da Anatel - ou ainda, nas contas que as concessionárias repassaram à
agência - até o fim do ano passado foram investidos R$ 108,3 bilhões nas
concessões da telefonia fixa. No entanto, 85% desse valor já teria sido
amortizado ou depreciado, resultando em um valor contábil de R$ 17,3 bilhões. Em
tese, esse ainda seria o quanto a União deve às empresas pelos aportes feitos no
sistema.
Pelo menos uma dúvida surge dessa disparidade. Visto que as concessionárias são
obrigadas a manter a atualização tecnológica para a prestação dos serviços,
poderia se esperar valores mais próximos. “Antes os equipamentos eram maiores,
mais caros”, explica o conselheiro Jarbas Valente. “Não significa que um
equipamento depreciado não atenda a seus fins”, emenda o superintendente de
Serviços Públicos, Roberto Pinto Martins.
Espera-se que cumpram mesmo. Afinal, das informações fornecidas pelas empresas,
depreende-se que mesmo com o avanço tecnológico, a Telefônica/Vivo indica que
apenas 7% de seus meios de transmissão - dentre os bens reversíveis - são cabos
ópticos. Na Telemar, o mesmo percentual é de meros 13%. Mesmo assim, a Anatel
reafirmou não ter dúvidas de que o backhaul é reversível.
Nas cerca de 360 mil páginas, já disponíveis na página da Anatel na Internet, a
agência não sabe dizer qual era o patrimônio no momento da privatização do
setor. “Não temos esse valor na agência”, reconheceu Pinto Martins. Na tentativa
de sanar essa dúvida, a agência esclarece que, há duas semanas, encaminhou um
ofício pedindo tais informações ao BNDES. Em tempo: a privatização completou 14
anos no último 29 de julho.
No máximo, é possível chegar a um montante aproximado do patrimônio privatizado
a partir das informações hoje divulgadas. Segundo a agência, até julho de 1998,
o patrimônio consolidado do setor era de R$ 25,9 bilhões. Mas, segundo a Anatel,
tal montante não pode ser tomado como o que foi repassado às empresas privadas.
“O que a gente pode dizer é que pode ser igual ou maior que isso no momento da
privatização”, disse o superintendente de Serviços Públicos.
As dificuldades da Anatel são compreensíveis. Como admitiu nesta sexta-feira,
21/9, as fiscalizações relacionadas aos bens reversíveis só tiveram início em
2006, a partir de regras definidas em 2005 sobre o controle daqueles bens. Desde
então, a agência sustenta que passou a conferir as listas que as empresas são
obrigadas a entregar a cada 12 meses. “São relações como o Imposto de Renda,
autodeclaratórias”, explica o presidente da Anatel, João Rezende.
O fato de serem autodeclaratórias, por sinal, já provocou uma auditoria ampla da
agência sobre tais informações. O resultado foi de que as listas das
concessionárias continham diversos erros, o que motivou uma série de medidas
cautelares determinadas pela Anatel em janeiro do ano passado. As
concessionárias foram obrigadas a realizar inventários completos em seus bens.
No caso da Telefônica/Vivo e da Embratel, os dados já fazem parte do que foi
divulgado hoje. A Oi tem prazo até meados do próximo ano.
Finalmente, vale lembrar que o tema dos bens reversíveis incomoda a Anatel há
tempos. A divulgação das informações está diretamente relacionada a uma ação
judicial ainda em curso - promovida pela associação de defesa dos consumidores
Proteste. Há três meses, a Justiça Federal deu 180 dias para que a agência
apresentasse a relação dos bens. Mas, como se viu, a agência ainda não tem os
dados relativos a 1998.