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Leia na Fonte: Convergência Digital
[07/05/13]
Minicom: Bens reversíveis inibem investimentos - por Luís Osvaldo Grossmann
Enquanto insiste que não fará “doação” dos bens reversíveis, o governo destacou
nesta terça-feira, 7/5, a necessidade de modificação nas regras que tratam do
controle deles, de forma que a obrigação de devolver o patrimônio à União não
iniba os investimentos.
Foi o que procurou defender o secretário de Telecomunicações do Minicom,
Maximiliano Martinhão, ao participar de audiência pública na Câmara marcada
exatamente para discutir os bens reversíveis. A reunião foi convocada diante de
uma possível negociação entre governo e teles sobre esse patrimônio.
“Não é possível afirmar de antemão se determinado bem é ou não reversível,
sempre é necessária a análise caso a caso. Mas é necessária a modernização da
regulamentação e aperfeiçoamentos dos instrumentos de controle pela Anatel e
pela sociedade, e a busca de mecanismos para que a reversibilidade não se torne
desincentivo ao investimento”, afirmou Martinhão.
O secretário fez questão de frisar, porém, que “o Ministério das Comunicações
não tem qualquer estudo relacionado à doação de bens reversíveis às empresas de
telecomunicações”. Basicamente repetiu o que disse o ministro Paulo Bernardo, há
duas semanas, na mesma Comissão de Ciência e Tecnologia. “Não vamos doar nada”.
A autora do requerimento para a audiência, deputada Luiza Erundina (PSB-SP) não
conseguiu desfazer “o dito pelo não dito”, como explicou, sobre afinal o que
existe de verdadeiro na suposta negociação dos bens reversíveis como elemento a
fazer parte da conta de investimentos necessários à modernização das redes de
telecom. “Ainda não fiquei satisfeita com as explicações”, disse Erundina.
Faltou clareza ao debate para se chegar a uma resposta. Ainda que tenha negado
“doação”, o secretário Maximiliano Martinhão também declarou – em aparente ato
falho – que “não existe posição final do governo” sobre os bens reversíveis. Há,
porém, “preocupação” com o desempenho recente das concessionárias na telefonia
fixa.
“No período entre 2007 e 2012 o STFC nas concessionárias perdeu 5 milhões de
acessos, enquanto as autorizadas passaram de 4 milhões para 14 milhões. Essa
perda de clientes das concessionárias preocupa. Há um debate importante a ser
realizado”, admitiu.
Ao que emendou o superintendente de Controle de Obrigações da Anatel, Roberto
Martins: “A banda larga será o serviço de telecomunicações, seja prestada em
regime público ou privado. Há vários caminhos para se chegar a esse norte e a
sociedade terá que discutir qual o melhor. Se no passado, ou no presente, a
banda larga foi ou é prestada sobre as redes de telefonia, no futuro a telefonia
será prestada sobre as redes de banda alarga.”
CPI
São essas “redes de banda larga” o grande contexto. O ministro das Comunicações,
Paulo Bernardo, tem repetido que o país precisa investir cerca de R$ 127 bilhões
nos próximos 10 anos para “modernizar” a infraestrutura e levar redes de fibras
ópticas a todos os municípios brasileiros.
Foi com base nessa necessidade que se ventilou a possibilidade de que os bens
reversíveis fizessem parte do acerto que viabilize esse aporte pelas teles. Mas
embora seja uma possibilidade coerente com o que a Anatel defende há anos –
licença única e a prestação de qualquer serviço por qualquer empresa – o tema
criou mal estar e, como visto, não chegou a ser esclarecido.
“O que nos preocupa mais do que tudo é que recebemos um documento, cuja
veracidade está sendo investigada pelo Ministério Público Federal, onde as redes
de acesso e transporte estão estimadas em R$ 71 bilhões, sem contar os imóveis.
Portanto, não são R$ 17 bilhões apenas em bens reversíveis como calcula a
Anatel”, destacou a advogada da Proteste, Flávia Lefèvre.
Como insistiu na audiência pública, ela acredita que “o governo deveria
conversar com a sociedade para saber se temos interesse nessa troca, mas tudo
indica que está conduzindo essa negociação de forma pouco transparente”. E
completou: “Reiteramos o pedido de que seja instalada uma CPI das teles. Estamos
em momento que as negociações estão avançadas e a sociedade assistindo de
longe.”