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Leia na Fonte: ClippingMP -
Origem: Valor Econômico
[10/05/13]
'Crise de confiança' leva Oi a perder 40% de valor no ano - por Cibelle
Bouças
A melhora apresentada pela Oi em alguns de seus resultados financeiros no
primeiro trimestre do ano não foi suficiente para interromper a trajetória de
queda nos preços das ações da companhia. No acumulado do ano até o fechamento de
quinta-feira na Bovespa, as ações preferenciais da Oi acumulavam queda de 40,5%
e encerraram o pregão cotadas a R$ 4,52. Em 12 meses, a empresa perdeu 46% de
seu valor de mercado, baseado no preço das ações, chegando a R$ 7,8 bilhões.
Para analistas, a queda das ações deve-se a uma "crise de confiança" em relação
aos sócios controladores da Oi e não reflete a sua performance no mercado de
telefonia.
"A Oi apresentou crescimento de receita pequeno nos últimos quatro trimestres,
mas consistente. Olhando os fundamentos, o resultado foi bom", afirmou um
analista de banco que prefere manter seu nome em sigilo. Nos últimos quatro
trimestres, a Oi registrou aumento na receita de 9,7%, 15%, 6,2% e 3,5%,
respectivamente, chegando a R$ 7,04 bilhões de janeiro a março deste ano.
O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) também
obteve avanços. No primeiro trimestre, cresceu 6,6%, para R$ 2,15 bilhões (mais
no gráfico). Esse resultado foi impulsionado por um ganho não recorrente de R$ 1
bilhão com a venda de torres de telefonia. A companhia informou que avalia a
venda de outros ativos não essenciais ao seu negócio para ampliar o saldo de
caixa, fazer frente à necessidade de investir R$ 6 bilhões no ano e manter a
política de distribuição de dividendos de R$ 2 bilhões, sem elevar o nível do
endividamento, que no primeiro trimestre já chegou a 3,05 vezes o Ebitda.
Procurada pelo Valor, a Oi informou, via comunicado, que parte das vendas de
ativos já está próxima da conclusão. "O objetivo é manter a relação dívida
líquida/Ebitda no patamar de até três vezes ao longo deste ano", afirmou.
Analistas ponderam que o aumento do endividamento no primeiro trimestre já era
esperado, assim como a manutenção dos dividendos e dos investimentos. "O
problema é que a saída de Francisco Valim [presidente da Oi demitido em janeiro]
gerou uma crise de confiança", afirmou um economista de um grande banco.
Para esse economista, a Oi teria chegado a uma situação limite, tendo em vista
que a expectativa de receita para o semestre não seria suficiente para pagar a
primeira parcela dos dividendos em agosto sem elevar mais as dívidas. "Ou a Oi
revê as suas metas de investimento, ou a meta de dividendos, ou vai precisar
fazer uma mudança societária para fazer caixa", afirmou ele.
As opções mencionadas são complexas de se executar. Como as demais operadoras, a
Oi precisa reforçar investimentos em infraestrutura de redes e tecnologia para
melhorar a qualidade dos serviços, ampliar a cobertura e implantar a telefonia
móvel de quarta geração (4G). Reduzir o investimento agora pode tornar mais
difícil a disputa com as concorrentes.
Em relação à redução do dividendo, a companhia informou que manterá a meta de
distribuição de R$ 2 bilhões "desde que a relação dívida líquida/Ebitda seja
menor ou igual a três". A Telemar Participações, holding que agrega os
acionistas controladores da Oi, está em uma situação na qual é difícil abrir mão
de um dividendo extra. Em 2012, a companhia registrou um prejuízo líquido
atribuído aos controladores de R$ 297,4 milhões. Em março, aprovou uma terceira
emissão de notas promissórias de até R$ 100 milhões para compor o seu caixa.
Sem reduzir a dívida ou dividendos, o equilíbrio entre caixa e endividamento
passa a depender da venda de ativos. A CGD Securities calcula que a Oi tenha 39
prédios e 4 mil torres para vender, o que poderia gerar R$ 1,5 bilhão no ano. A
Oi tem gastos previstos em R$ 11 bilhões no ano (incluindo investimentos,
dividendos e despesas financeiras), para um Ebitda de R$ 9,08 bilhões. "Com a
venda de ativos, a empresa mantém a relação dívida/Ebitda em três. Mas a sua
dívida ainda é cara, com juros de 8%, e a receita não crescerá 8%. Seria melhor
reduzir o endividamento", disse outro analista.