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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[06/03/13]
MiniCom admite trocar bens reversíveis por investimentos em redes - por
Lúcia Berbert
Bernardo disse que essa é uma das opções para financiar parte do projeto que
prevê recursos de R$ 100 bi em infraestrutura de telecom
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, admitiu que pode trocar os bens
reversíveis em mãos das concessionárias de telefonia fixa por investimentos em
redes de alta capacidade em todo o país, como quer a presidente Dilma Rousseff.
“Essa é uma das opções em estudo, mas não há ainda definições”, disse. Ele
informou que essas discussões ainda não chegaram à presidência da República.
“Não é uma posição de governo”, afirmou.
Segundo o ministro, as outras opções em estudo são a de financiamento pelo BNDES
para construção de redes de fibras ópticas e de trocar a arrecadação do leilão
de frequências, como a de 700 MHz, por investimentos em infraestrutura. O
importante, para ele, é aproveitar a oportunidade que o governo quer dar a esse
setor, equiparando-o a outras infraestruturas, como de rodovias, portos e
aeroportos.
“A presidente Dilma já falou publicamente que está preocupada com a ampliação da
infraestrutura de telecomunicações, o que nos levou a fazer um levantamento do
que seria necessário de investimentos em redes em todo o país”, disse. A
preocupação de Bernardo é evitar que os recursos sejam aplicados apenas em
grandes centros onde há interesse comercial das operadoras. “Não é só investir
no Plano Piloto de Brasília ou na área dos jardins em São Paulo, mas no país
inteiro”, disse. Pelo primeiro levantamento, o MiniCom chegou a uma necessidade
de R$ 100 bilhões em 10 anos.
Para o ministro, se deixar por conta dos investimentos das operadoras, eles só
acontecerão onde elas têm interesse. “A Anatel disse, por exemplo, que na cidade
de São Paulo há nove redes de fibras ópticas competindo, mas no fim da região
Leste já há um número menor, e o mesmo acontece na periferia de Brasília e de
outros grandes centros”, disse. O projeto em elaboração irá assegurar que os
investimentos serão feitos em todo o país.
Levantamento
Pelos números já levantados, seriam necessários R$ 25 bilhões para construção de
backbones e mais R$ 80 bilhões para backhaul e última milha. O que significa que
praticamente terão que ser dobrados os financiamentos feitos pelas operadoras.
“Esses números ainda precisam ser refinados, comparados com as experiências
internacionais, mas já temos a convicção da necessidade de construção de redes
de fibras ópticas ou de outras tecnologias equivalentes”, disse o ministro. Com
essa infraestrutura, a previsão é de que as conexões à internet alcancem
velocidades entre 40 Mbps a 100 Mbps.
Bens Reversíveis
A troca dos bens reversíveis para bancar uma parte dos financiamentos
necessários para construção das redes, como vem sendo defendida por uma parte da
Anatel, é uma das opções em estudo, mas ainda não há aceitação do governo para
essa tese. Bernardo disse que o projeto está sendo discutido entre ministérios e
apresentado, em conversas informais,a operadoras. “Mas ainda sem apontar de onde
os investimentos virão”, disse.
“Em minha opinião, nós temos uma chance extraordinária, a partir do momento em
que a Presidência da República enxerga essa questão e quer tratar o futuro das
telecomunicações com essa prioridade”, disse Bernardo. Mas ele disse que há
alternativas de financiamento em estudo, como empréstimos via BNDES, nos mesmos
moldes que são feitas as operações para financiar construção e modernização de
rodovias, portos e aeroportos.
Ou ainda, por meio de obrigações incluídas nas licitações de frequências. “Por
exemplo, no leilão da faixa de 700 MHz já está certa a exigência de todas as
estações radiobase estarem conectadas por fibras ópticas para garantir, no
mínimo, velocidades de 10 Mbps no 4G”, disse. O ministro adiantou que está
defendendo a troca da arrecadação do leilão por contrapartidas que já atendam
uma parte do que é preciso fazer.