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Leia na Fonte: Teletime
[10/12/14]
Revisão dos contratos de STFC é oportunidade para revisão do modelo - por
Samuel Possebon
O presidente da Anatel João Rezende disse nesta terça, 9, durante o Seminário
Internacional ABDTIC, que a revisão dos contratos de concessão de STFC em 2015
será uma boa oportunidade para a revisão do modelo de telecomunicações. O evento
é voltado para a comunidade jurídica atuante no setor de telecomunicações.
"Estamos discutindo com o Legislativo e podemos rever o tema da
reversibilidade", disse Rezende. Ele disse também que isso é importante para
fortalecer o contrato do STFC. "Queremos fortalecer a concessão fixa com outras
coisas além da telefonia, podendo oferecer VoIP, por exemplo". Ele reconhece
também que a inclusão da fibra no debate será um grande problema. "A fibra
reversível traz insegurança", disse. Rezende antecipou um debate que aconteceu
mais tarde, no mesmo evento, desta vez entre advogados especialistas.
Neste debate, ficou claro que mesmo entre os advogados a revisão dos contratos
de concessão do STFC é vista como uma oportunidade para a revisão mais ampla do
modelo de telecomunicações, o que passa inclusive pela revisão do conceito de
reversibilidade.
O debate tratou especificamente do processo de revisão dos contratos de
concessão dos serviços de telefonia fixa, que acontecerá em 2015, mas foi além,
ao refletir sobre o significado e as implicações não só do instituto da
reversibilidade de bens, mas também sobre o futuro dos serviços públicos.
Para a advogada Helena Xavier, a discussão do futuro doserviço universalizado
passa pela questão da reversibilidade. Ela ressalta que o que vai acontecer até
2025 não são duas revisões de contratos, mas prorrogações, o que não impede uma
reflexão mais ampla sobre os serviços públicos de uma maneira geral. Para ela é
um erro tentar definir uma lista ou relação de bens reversíveis, já que o
determinante é aquilo que será necessário à prestação dos serviços.
Já a advogada da ProTeste, Flávia Lefèvre, lembra que por conta de decisão
judicial transitada em julgado é pacífico hoje o entendimento de que mesmo a
infraestrutura que dá suporte ao STFC e serviços de transmissão de dados (backhaul)
é reversível. "Acho que foi um erro da Anatel ter vinculado o serviço de banda
larga à concessão de STFC, mas isso agora é um fato. O que é preciso é encontrar
outros caminhos além de trocas de obrigações de STFC para se universalizar a
banda larga", disse a advogada.
Para a diretora de regulamentação da Telefônica, Camilla Tápias, antes da
próxima revisão dos contratos de concessão do STFC, em 2020, os serviços fixos
já terão perdido a atratividade econômica. "A hora de mexer no modelo é agora",
diz ela. Essa mudança, segundo Camilla, precisa ir além das propostas até aqui
pela Anatel.
Revanche
O advogado Floriano de Azevedo Marques concorda que esse seja um momento
importante para rever alguns aspectos do modelo de telecomunicações, mas na
visão dele, alguns aspectos da discussão estão perdendo o sentido.
"Estamos tratando da reversibilidade como se a concessão voltasse para o
governo. Não é isso o que acontece. Nosso modelo é baseado em uma privatização,
que já aconteceu. Não dá para voltar atrás. Não tem mais patrimônio da União. A
privatização pode até ter sido um mau negócio, mas essa discussão passou", diz o
advogado. "Não podemos buscar no debate sobre a reversibilidade a revanche da
privatização". Segundo Floriano, tentar transformar também todo serviço de banda
larga em universal seria inconstitucional. Para ele, a tese de que se uma
infraestrutura de fibra passar um bit de voz, então essa infraestrutura é
reversível, tem consequências graves no futuro. "Essa tese da Anatel é absurda e
cria uma conta enorme em amortização dessa infraestrutura que será paga pela
sociedade lá no futuro. Não faz sentido que uma rede de banda larga seja
reversível por transportar, também, voz", diz ele.