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Leia na Fonte: Exame
[11/08/15]
Governo estuda dar bens reversíveis a operadoras, diz fonte
Brasília - O governo federal estuda a possibilidade de oferecer a operadoras de
telecomunicações alguns dos chamados "bens reversíveis" das concessões do setor
em troca das companhias assumirem metas de expansão de oferta de banda larga no
país, disse à Reuters uma fonte do governo.
A medida em análise pode vir a integrar o plano Banda Larga para Todos, que o
governo federal pretende lançar nos próximos meses. A iniciativa tem por
objetivo levar até 2018 banda larga de alta velocidade (25 Mbps) via fibra
óptica a 45 por cento dos domicílios do país e a estimativa de investimentos
públicos e privados gira em torno de 50 bilhões de reais. Atualmente, 10 por
cento das casas no Brasil têm acesso à fibra óptica.
Os chamados bens reversíveis são ativos concedidos às operadoras de telefonia na
época das privatizações, no fim dos anos 1990, que incluem desde imóveis até
infraestrutura de redes de telecomunicações. Segundo estimativas de
especialistas, somente os imóveis das concessionárias valem até 20 bilhões de
reais.
De acordo com a fonte, parte desses bens pode ser oferecida pelo governo federal
às operadoras em troca de investimentos, sem mensurar quanto. Pela legislação
atualmente em vigor, os bens teriam de ser devolvidos à União quando encerrarem
as concessões, em 2025.
A alteração terá de passar por análise do Congresso Nacional. Além da troca dos
bens pelos compromissos, ainda em estudo, o plano deverá incluir leilões
reversos com incentivos tributários para as empresas que aceitarem realizar os
investimentos na expansão da oferta de banda larga.
A intenção, segundo a fonte do governo, seria oferecer às operadoras
interessadas abatimentos nos pagamentos das taxas do Fundo de Fiscalização de
Telecomunicações (Fistel) em troca dos compromissos de expansão da banda larga.
Nesse caso, obteriam os contratos as empresas que se dispusessem a fazer os
investimentos em troca do menor desconto no Fistel.
Em junho, o governo federal havia indicado planos de aumentar em 189 por cento
as taxas do Fistel, o que foi recebido com forte crítica por parte do
Sinditelebrasil, sindicato que reúne as empresas do setor. O objetivo do governo
seria aumentar a arrecadação em um momento de ajustes nas contas públicas. Na
semana passada, o presidente da TIM, Rodrigo Abreu, disse que a indústria não
espera que o governo federal siga com o plano de aumento da taxa.
Segundo disse a fonte do governo nesta terça-feira, o ajuste fiscal em vigor
este ano não afetaria os planos de leilões reversos, uma vez que o abatimento no
Fistel só entraria em vigor quando as obras estiverem concluídas. As empresas de
telefonia já vinham criticando o plano Banda Larga para Todos. Na avaliação das
operadoras, as metas do programa são demasiadamente ambiciosas e os vultosos
investimentos projetados trariam retornos baixos, sobretudo em regiões mais
pobres do país, nas quais a população não teria renda suficiente para acesso à
fibra óptica, mais cara que a banda larga tradicional.
Em junho, uma fonte do governo federal disse à Reuters que o Ministério das
Comunicações considerava reduzir algumas das metas do programa de banda larga, o
que foi negado pelo órgão.
Procurado, o Sinditelebrasil disse que não comentaria o tema. O Ministério das
Comunicações não respondeu até a publicação desta reportagem.