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Leia na Fonte: Blog do Gindre
[09/12/15]
Oi reconhece oficialmente que sua sustentabilidade está ameaçada - por
Gustavo Gindre *
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) abriu Consulta Pública (de
número 29, encerrada no último dia 05) sobre a possibilidade de postergar para
abril de 2016 a assinatura dos contratos de concessão de telefonia fixa para o
período 2016-2020.
Pois, a manifestação da Oi foi impressionante.
Primeiro, por ter enviado apenas uma única folha frente e verso, parte ocupada
por longa citação de uma portaria ministerial, com argumentos paupérrimos e
praticamente sem dados que os embasassem. Algo que parecia ter sido feito pelo
estagiário do departamento jurídico da empresa.
Mas, principalmente porque em dois momentos a Oi reconhece seu atual estado
terminal. O cerne do argumento da Oi é que o governo pode até postergar a
assinatura dos contratos de concessão para abril, mas é fundamental que até o
fim de 2015 o governo afrouxe as obrigações dos concessionários de telefonia
fixa. E a Oi é a concessionária em 26 estados.
Segundo a Oi, “a desoneração da concessão é VITAL para a sua sobrevivência” e o
modelo atual implica na manutenção de custos “NÃO SUPORTÁVEIS”. Caso o governo
não afrouxe até 31 de dezembro as obrigações da Oi, “tal iniciativa iria impor
um ônus adicional (sic) à concessão num cenário onde a sua sustentabilidade JÁ
SE ENCONTRA AMEAÇADA”.
Ora, a Oi opera a concessão pública de um serviço considerado essencial e que
não pode deixar de funcionar. Mas, a empresa, que todos sabem estar em situação
crítica, agora alega oficialmente que não consegue operar por mais tempo sob as
regras vigentes.
Essa afirmação da Oi coloca para o governo o dilema entre alterar as regras para
beneficiar a Oi ou passar a discutir o que fazer para garantir a manutenção do
serviço mesmo em caso de quebra da empresa. Vale lembrar que a Lei Geral de
Telecomunicações já prevê essa segunda hipótese e por isso os bens são
reversíveis à União.
Mas, aí entram as pressões politicas tanto dos principais acionistas da Oi
(Carlos Jereissati e Andrade Gutierrez) quanto de seus principais credores (BTG
Pactual, Bradesco e Itaú, entre outros) que não estão dispostos a perder
dinheiro. Por isso, começa a fazer sentido a recente consulta pública do
Ministério das Comunicações, que coloca como urgente a mudança da legislação
atual.
Podemos estar assistindo, de camarote, uma bilionária operação de salvamento dos
acionistas e credores da Oi, às custas do erário público. Não seria a primeira,
contudo. E nada indica que venha a ser a última.
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* Do Blog do Gindre:
"Gustavo Gindre nasceu no Rio de Janeiro em 1969. É jornalista formado pela UFF,
pós-graduado em Teoria e Práxis do Meio Ambiente (ISER), mestre em Comunicação
(UFRJ) e doutorando em História das Ciências, das Técnicas e Epistemologia
(UFRJ).
Foi membro eleito do Comitê Gestor da Internet (CGI.br) por dois mandatos
(2004-2007 e 2007-2010). Integrante do Coletivo Intervozes. Fellow da Ashoka
Society. É servidor público concursado, especialista em regulação da atividade
cinematográfica e audiovisual.
Budista e socialista."