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Leia na Fonte: Convergência Digital
[10/02/15]
Bens reversíveis: Anatel diz não ter exigido a separação de receitas da banda
larga nas concessões - por Luís Osvaldo Grossmann
O presidente da Anatel, João Rezende, admitiu nesta terça, 10/2, uma das
dificuldades da revisão do modelo de telecomunicações. Ao tratar os bens
reversíveis à União como inibidores de investimentos, indicou que a agência não
distingue o acesso à Internet prestado sobre a rede de telefonia fixa.
“Sabemos que todas as empresas de telefonia fixa deram salto em suas receitas
fruto do ADSL. O ADSL deu uma sobrevida importantíssima para concessão fixa. E
nunca se exigiu separação contábil. Nem acho que devia”, afirmou Rezende, que
nesta terça participou do seminário Políticas de (Tele) Comunicações, promovido
pela Converge Comunicações.
Segundo o presidente da Anatel, não há embaraços para a oferta de acesso a
Internet pelas concessionárias. “A restrição que há é nesse limite entre
telefonia fixa e ADSL. Quem se apropria? Qual infraestrutura está em cima de
quem? São questões importantes para se resolver juridicamente”, disse Rezende.
Mas é justamente aí é que a discussão fica cinzenta. Ao sustentar que a Anatel
não pede ‘separação contábil’ fica até mais fácil entender porque há processos
administrativos na agência que questionam o subsídio cruzado entre regime
público e privado.
Documentos da própria Anatel atestam que receitas da telefonia fixa foram
canalizadas para a implantação de redes onde são prestados outros serviços, como
conexões à Internet. Para as operadoras, tais redes seriam privadas – ou seja,
não reversíveis, embora tenham sido custeadas com receitas da concessão.
Boa parte do debate foi justamente sobre o que fazer com a infraestrutura que,
pelas regras do setor, deveria ser devolvida à União ao fim das concessões, em
2025. Sem surpresas, a própria Anatel entende que esse patrimônio é um problema,
como explicou João Rezende:
“Temos um problema derivado da concessão fixa, os bens reversíveis. Entendo que
empresas precisariam desmobilizar esse ativos para fazer investimentos”, voltou
a defender João Rezende, que emendou em seguida: “Mas é uma discussão que tem
que envolver o Congresso. Mesmo se fosse possível a Anatel flexibilizar no
próprio contrato de concessão, não considero politicamente adequado.”