WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Bens Reversíveis --> Índice de artigos e notícias --> 2015
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na Fonte: Convergência Digital
[13/03/15]
Sede da Telefônica abre caminho para venda de bens reversíveis - por Luís
Osvaldo Grossmann
Voltou ao Conselho Diretor da Anatel um caso que deverá
servir de base para a Anatel autorizar a venda de imóveis associados às
concessões de telefonia fixa. O tema opõe visões distintas sobre como tratar os
ativos que estão listados como bens reversíveis – e traz uma proposta em linha
com o que sonham as empresas: liberdade para se desfazer de um patrimônio de
quase sete mil propriedades.
Trata-se de uma nova tentativa da Telefônica de vender o (ex) edifício sede da
Telesp em São Paulo, na rua Martiniano de Carvalho. Na primeira, há exatos dois
anos, a Anatel frustrou os planos da operadora. Prevaleceu o entendimento de que
a proposta era boa para a concessionária, mas ruim para a concessão, visto que a
ideia era substituir o prédio próprio por um alugado, o que foi feito.
Mas a perseverança parece que será recompensada. Com um extenso arrazoado onde
colide as visões “patrimonial” e “funcional” dos bens associados à concessão, o
conselheiro Igor de Freitas conclui pela última. “O estoque de capital
reversível elevado prejudica eficiência frente a concorrentes que atuam em
regime jurídico mais flexível”, sustentou.
Freitas não atendeu já o pedido da Telefônica por uma questão processual – mas
indica ser favorável ao pleito. A análise não foi conclusiva na reunião de 12/3
do Conselho Diretor da Anatel porque Rodrigo Zerbone – autor do voto que negou o
primeiro pedido, feito em 2012 – pediu prazo para avaliar os argumentos do
colega de colegiado.
“A importância deste processo vai muito além do prédio da Martiniano. Há vários
imóveis da Telefônica vazios, cujos pedidos de anuência de desvinculação estão
pendentes há mais de dois anos”, diz a diretora de relações institucionais da
tele, Camila Tápias. A posse, insiste, não é vital às operações. “Não há
limitação na lei. A concessionaria poderia prestar todos os serviços usando bens
de terceiros.”
Bilhões
Em que pese a decisão de 2012 ter adiado os planos da Telefônica – a tele teria
que comprovar a vantagem da venda para a concessão – a Anatel já deu inúmeros
sinais de que gostaria de se livrar desse tema, eliminando o instituto dos bens
reversíveis. “Entendo que empresas precisariam desmobilizar esse ativos para
fazer investimentos”, defende o presidente da agência, João Rezende.
Em boa medida, porque a própria Anatel reconhece que o controle desses ativos é
frágil. Como admitiu ao Congresso Nacional o superintendente de Controle de
Obrigações da agência, Roberto Pinto Martins, “houve alienações, onerações e
substituições sem a anuência prévia da Anatel, e o inventário [dos bens
reversíveis] não representava de forma fidedigna a relação”.
Até 2005, a Anatel sequer dava atenção devida ao assunto e as medidas
relacionadas aos bens reversíveis desde então se devem especialmente à pressão
da Proteste, entidade de defesa dos consumidores que levou o assunto ao
Judiciário. Foi essa pressão que levou a agência a divulgar pela primeira vez,
em 2012, 360 mil páginas com cerca de 8 milhões de itens.
Uma auditoria da agência já concluíra em 2010 que as listas apresentadas
anualmente pelas concessionárias tinham irregularidades – daí a admissão de que
houve alienações sem autorização da Anatel. Mesmo a investigação não eliminou o
problema, visto terem havido vendas e tentativas depois disso (por exemplo,
mesmo com uma proibição expressa a Oi chegou a vender pelo menos R$ 300 milhões
em imóveis sem avisar o regulador).
Nesse trabalho, agência chegou a indicar que o valor contábil dos bens era de R$
17 bilhões. O valor é também controverso e tem por base informações prestadas
pelas empresas. Outra conta, feita pelo Ministério Público Federal a partir de
um inventário feito na época da privatização pela Telebras, sugere que o
patrimônio reversível alcança R$ 80 bilhões.