WirelessBRASIL |
|
WirelessBrasil --> Bloco Tecnologia --> Bens Reversíveis --> Índice de artigos e notícias --> 2015
Obs: Os links originais das fontes, indicados nas transcrições, podem ter sido descontinuados ao longo do tempo
Leia na Fonte: Tele.Síntese
[09/11/15]
Os bens reversíveis: Resolver sem mexer no modelo? - por Miriam Aquino
Ao invés de se esperar pela nova modelagem regulatória para acabar com os bens
reversíveis, uma das propostas na mesa é que, ao invés de se acabar com esse
conceito, seria melhor que a Anatel definisse o que ele realmente significa, e
aí tranquilizaria os investidores privados.
Se cada interlocutor tem um modelo, uma solução e uma forma de fazer avançar o
setor de telecomunicações brasileiro, o certo é que o empresariado, a Anatel e o
atual governo tem apontado para a reversibilidade dos bens como um dos
principais motivos para o aumento das ameaças às concessões da telefonia fixa.
À medida que o fim da concessão se aproxima – agora são apenas 10 anos para que
este contrato termine, sem possibilidade de renovação – menos atraente ela fica,
não apenas porque o serviço vai perdendo a sua importância, mas também porque os
investimentos vão ficando mais escassos, enquanto não se resolve o aparente
dilema dos bens reversíveis à União.
Vale lembrar que a reversibilidade dos bens foi criada pelo mesmo governo que
privatizou o sistema Telebras. E por isso não pode ser vista como uma medida de
uns incautos extremistas, que querem tudo para o Estado.
Mas de fato esta original salvaguarda de preservação de um serviço público está
inibindo – ou no mínimo provocando desperdício – os recursos privados, tão
importantes para o país e para o setor ainda muito carente de redes de banda
larga.
Se o serviço de telefonia fixa esteja acabando, a rede da concessionária não
pode desmanchar, sob o risco de entrar em colapso todo o sistema de
telecomunicações. É a rede das concessionárias (Oi, Telefônica e Embratel) que
interliga e dá acesso aos demais serviços de comunicações, seja de celular ou
mesmo de banda larga.
A Anatel tenta criar um divisor entre o equilíbrio econômico-financeiro da
concessão e a sua sustentabilidade. Ao que tudo indica, a sustentabilidade da
maior concessionária (e não precisa ser um expertise para entender) corre risco,
com dívida volumosa, estrangulamento nos investimentos, dificuldades de angariar
novos capitais, apesar dos visíveis esforços da nova gestão.
Mas a reversibilidade é uma bloqueadora de investimentos para todos os players.
Para que o setor não fique paralisado, começam a surgir novas ideias.
Ao invés de se esperar por um longo e ainda desconhecido debate sobre uma nova
modelagem regulatória para o setor , alguns interlocutores começam a defender
medidas bem mais simples de serem aplicadas para atrair o investidor privado.
Não se falaria mais na extinção da reversibilidade dos bens, mas apenas em uma
definição clara, explícita e definitiva, por parte da Anatel, do que isso
significa. É verdade que este termo está cravado nos contratos de concessão como
“todo o bem que é essencial para a prestação do serviço”. E aí foi feita a lista
exaustiva da Anatel, que incluiu, por exemplo, os sete mil prédios da Oi.
Embora as atenções se voltem sempre para os imóveis, mais importante do que os
prédios(que a Telefônica também quer vender, mas não consegue se ver livre da
sede em São Paulo, que há cinco anos está vazia) para a prestação do serviço é a
rede de telecomunicações. E nesse caso a tese que se perpetua na Anatel – mas
que não se expressa – é que “onde passou um bit de voz, todo aquele bem é
reversível”. Ou seja, todas as novas redes que estão sendo construídas pelas
operadoras não seriam mais dos atuais donos ao final da concessão.
Novo Entendimento?
Mas e se a Anatel deixar claro qual o pedaço que é reversível de cada um dos
itens da lista infinda? E se a agência tranquilizar os investidores reconhecendo
que o reversível é onde passa apenas a voz, ou seja, uma pequena parcela de toda
a rede moderna?
Com isto, seria possível estimular o investimento em banda larga? Engajar as
empresas no programa de massificação e ampliação da velocidade de banda larga?
Tonar bem mais atrativa a maior concessionária brasileira?
Pode ser um passo importante.
A Anatel estuda o tema. Há quatro anos lançou uma consulta pública sobre bens
reversíveis, mas deu tanto problema que o documento sumiu. A intenção é
reapresentar o regulamento no próximo ano.
Conforme o conselheiro Rodrigo Zerbone a proposta não é definir o “bem
reversível”, como querem as empresas, mas sim estabelecer os procedimentos para
lidar com esses bens.
As empresas ainda pedem mudanças no PGMU (que já está sendo tratada pela Anatel)
e querem também que as metas de qualidade sejam amenizadas, de maneira a se
adequar à realidade brasileira. Ou seja, regras mais brandas para locais mais
distantes. Mas isso, parece difícil de acontecer.
Quanto aos bens reversíveis, vamos checar em 2016 qual será a calibragem da
agência.