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Leia na Fonte: Teletime
[18/11/15]
Projeto prevê que Anatel transforme concessões em autorizações - por Samuel
Possebon
O deputado federal Daniel Vilela (PMDB/GO) apresentou, no final de outubro, um
projeto de lei relevante em um momento em que o governo inicia os debates sobre
a revisão do modelo de concessão de telefonia. O
PL 3.453/2015 permite que a Anatel troque a modalidade de licenciamento dos
serviços de telecomunicações de concessão para autorização. A proposta do
deputado acrescenta artigos que complementam o Artigo 68 da Lei Geral de
Telecomunicações, autorizando a Anatel a alterar para autorização as outorgas de
concessão no todo ou em parte, delimitando o novo instrumento por área
geográfica. Com isso, a agência poderia, por exemplo, acabar com a concessão em
mercados mais competitivos e mantê-la em regiões de menor interesse. Essa é uma
das condições que precisariam ser observadas que haja a troca do instrumento de
outorga. Outra condição é que as metas de universalização do serviço telefônico
fixo comutado tenham sido cumpridas.
Segundo a proposta do deputado, caberá ao poder concedente determinar o valor
econômico da troca, e tal valor deverá ser revertido em investimentos,
priorizando "a realização de investimentos na implantação de infraestrutura de
rede de alta capacidade de comunicação de dados".
Um aspecto importante do projeto é que esta conta deverá levar em conta os bens
reversíveis no cálculo do valor de troca. "Para efeito do cálculo do valor
econômico (…), serão considerados bens reversíveis, se houver, os ativos
essenciais e efetivamente utilizados para a prestação do serviço telefônico fixo
comutado. (…) Os bens reversíveis utilizados para a prestação de outros
serviços, explorados em regime privado, serão valorados na proporção de seu uso
para o serviço telefônico fixo comutado", diz o projeto. Ele também estabelece
que a Anatel deverá regulamentar as medidas e prevê a possibilidade de renovação
das concessões por 20 anos.
A inspiração do deputado para a redação da proposta ainda é um mistério, já que
Daniel Vilela não costuma apresentar projetos para o setor de telecomunicações.
Mas a proposta, obviamente, se alinha com um linha de raciocínio defendida pelas
empresas de telecomunicações, sobretudo quando se lê a justificativa da
proposta. Em sua conclusão, o deputado diz: "A proximidade do término dos
contratos de concessão em 2025 torna oportuna uma discussão mais ampla sobre o
atual modelo de concessão. Em particular, alterações no atual modelo de
concessão devem buscar: (i) estimular os investimentos em redes de suporte à
banda larga, equacionando a questão dos bens reversíveis para eliminar possíveis
desincentivos à medida que se aproxima o término dos contratos de concessão; (ii)
minimizar insegurança jurídica decorrente da aproximação do fim do contrato de
concessão; e (iii) construir alternativa para que a importância hoje atribuída à
banda larga esteja refletida no arcabouço legal".
Prestação descentralizada
A proposta do deputado tem um aspecto novo, que é mencionado três vezes ao longo
do projeto de lei, ainda que não seja definido em nenhuma delas. Trata-se da
"delegação de prestação descentralizada" dos serviços de telecomunicações. Esta
"descentralização" é um tema novo na discussão sobre o modelo e não é explicada
pelo deputado em sua justificativa. Poderia ser, por exemplo, a possibilidade já
estudada por algumas operadoras de menor porte, de assumirem parte das
obrigações da Oi, por exemplo, que tem sua concessão de telefonia fixa em todo o
País. Outra hipótese seria pulverizar o regime de concessões entre várias
empresas. De toda forma, é uma proposta radicalmente diferente do modelo
existente hoje.
Tramitação
A proposta de Daniel Vilela está na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação
e Informática da Câmara sob a relatoria do deputado Fábio Sousa (PSDB/GO). A
tramitação é ordinária e conclusiva nas comissões.