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Leia na Fonte: Tele.Síntese
[05/04/16]
Como ficam as concessões? A resposta, só no segundo semestre - por Lia
Ribeiro Dias
Primeiro o conselho diretor tem que chegar a um consenso sobre a proposta, que
vai à consulta pública. Depois o documento passa pelo Minicom para, só então,
ser chancelado pelo Planalto.
Quem esperava que o conselho diretor da Anatel batesse o martelo sobre a
proposta do novo PGMU e de como vão ficar as concessionárias de telefonia fixa
na reunião do dia 31 de março, vai ter que aguardar ainda por mais algumas
semanas. Não só não há consenso entre os conselheiros sobre as duas propostas
apresentadas – a primeira, do conselheiro Igor de Freitas, e a segunda, do
conselheiro Rodrigo Zerbone -, como as ideais ainda precisa ser amadurecidas e
melhor formuladas para se chegar a um documento definitivo.
Na avaliação de técnicos da Anatel, esse processo deverá consumir pelo menos
mais um mês. O conselheiro Otavio Rodrigues pediu vistas na semana passada e,
quando apresentar seu relatório, onde deve discutir a legalidade da
transformação da concessão de telefonia fixa em autorização, é possível que o
conselheiro Aníbal Diniz e mesmo o presidente João Rezende sigam o mesmo caminho
até se construir uma proposta que seja mais consistente e possa ser aprovada.
Para alguns conselheiros, o principal ponto vulnerável da proposta do
conselheiro Igor de Freitas de novo PGMU e fim da concessão da telefonia fixa é
que ele entende que não existem bens reversíveis. Assim, não há contas a fazer.
Do ponto de vista de parte relevante do corpo técnico da Anatel e mesmo da
equipe do Minicom, a proposta é indefensável e de enorme risco político. “O TCU
já nos perguntou como estão sendo feitas as contas para apurar o saldo dos bens
reversíveis”, diz um dirigente. “Se dissermos que não existe saldo, vamos sofrer
ação por parte do TCU”, comenta, salientando que certamente existe um saldo a
ser trocado pelas operadoras em investimento.
Se o maior pecado da primeira proposta é o tratamento que dá aos bens
reversíveis – o que certamente encantou as atuais concessionárias de telefonia
fixa –, a grande falha da proposta alternativa construída pelo conselheiro
Zerbone, de acordo com técnicos da agência envolvidos no assunto, é que ela só
permite às empresas deixarem de ser concessionárias depois que cumprirem metade
das metas de investimento previstas. Com isso, elas não poderão dispor de seus
ativos hoje imobilizados pela concessão, por exemplo. Por isso, alguns técnicos
da Anatel acham que tem que se encontrar outra alternativa para que as
concessionárias possam migrar novo serviço convergente proposto por Zerbone
imediatamente. “Temos que propor a apresentação de algum tipo de garantia caso
os investimentos não sejam feitos”, observa um interlocutor. Outros pontos
falhos da proposta de Zerbone, ainda segundo alguns interlocutores, é a falta de
estudos de impacto sobre o fim das áreas locais e mesmo da adoção de numeração
pelas empresas de SCM, que ao migrarem para o novo serviço vão poder fazer voz
sobre IP.
Com tantos pontos ainda em aberto, a crença dentro da Anatel é que o conselho
diretor não fechará uma proposta em menos de 30 dias. Depois, o documento vai a
consulta pública. Assim, só em julho ou agosto será encaminhado ao Ministério
das Comunicações e de lá à Casa Civil. “Só teremos uma solução no segundo
semestre”, prevê um dirigente.