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Leia na Fonte: Tele.Sintese
[12/04/16]
"Política do MiniCom melhora, mas não resolve", reage mercado - por Miriam
Aquino
Não há um sentimento de alívio, mas de que há mais chances para avaliação de
cenários. Essa é a primeira impressão dos grandes grupos de telecomunicações
após a publicação, pelo Ministério das Comunicações, das diretrizes para a nova
política de telecomunicações, que deverão nortear a Anatel em sua ação
regulatória. A portaria, na avaliação dos players, é mais ponderada do que o
último voto do conselheiro Rodrigo Zerbone, porque recoloca as questões
prioritárias para o foco principal - ou seja, volta a tratar das concessões como
a prioridade (e não o tal do serviço único) - mas traz ainda o equívoco, na
avaliação de executivos, de achar que haverá investimentos privados em áreas
economicamente não rentáveis.
Para as concessionárias, uma das questões cruciais que ainda não foram
equacionadas – e que ficou para a Anatel resolver - ainda se refere ao valor do
saldo da concessão e mesmo a definição dos bens reversíveis.
“As empresas têm uma visão divergente sobre os bens reversíveis com uma parte do
governo. E nossa visão é clara- o que se reverteria ao Estado é a posse e não a
propriedade. Consequentemente, o que iria reverter em 2025 não são os bens, mas
o direito de usar os bens. O que iremos fazer agora é um acordo para minimizar o
risco jurídico desse entendimento”, assinala uma fonte.
Além do problema ainda não equacionado sobre a definição de bem reversível –
que, na avaliação de alguns interlocutores, essa questão deverá acabar em
escalões mais altos do que os gabinetes anatelianos – outra questão que deverá
demandar muita discussão é justamente o tipo de investimento que deverá ser
feito com os recursos do saldo da concessão.
“Se os negociadores insistirem em pensar que há bilhões de reais em saldo, e que
deveremos investir em cidades com VPL negativo no Brasil inteiro, não vai
funcionar. Mas, ao contrário, se formos pragmáticos, e colocarmos dinheiro em
cidades onde pelo menos o VPL for zero – ou seja – as empresas não ganham nem
perdem nada, poderemos estar acelerando e muito o processo de inclusão no país”,
afirma um executivo.
Diretor de outra empresa assinala que os valores das contrapartidas que estariam
sendo calculadas para a migração da concessão para a autorização calculados pelo
MiniCom como saldo não “param em pé”, além de estarem também supervalorizadas as
metas de cobertura dos municípios. ” Se não tiver recursos de fundos setoriais
ou mais prazos, as propostas não são exequíveis”, observa o interlocutor.
” Se se quer aliviar as concessões é porque, de alguma forma, o contrato de
concessão está tendendo ao desequilíbrio, e por isso, ainda tem algo a ser
capturado, mesmo que seja uma fonte de recursos bem menor do que se imagina”,
observa esse executivo. Para ele, por isso, o programa traria mais benefícios
sociais se ampliasse a velocidade da banda larga em cidades médias do que levar
altíssimas velocidades para rincões inacessíveis do país. “Investimentos com VPL
negativo, somente com recursos públicos”, defende.
Serviço único
Embora o setor não ache ruim a proposta de Zerbone do serviço único, ( mas
entende que poderia ser mais fácil a aplicação de um regime único ao invés de
uma licença única), aplaudiu o fato dessa discussão ter ficado para depois. ”
Colocar uma discussão tão complexa em um já complicado tema como o da concessão,
parecia coisa demais para situação tão complicada”.
A sensação de todos é que, agora, as coisas voltaram para o leito normal – ou
seja, primeiro será discutida a concessão e seus contratos e universalização, e
depois as novas licenças, com mais calma, podendo ser até mesmo em próximos
anos, que não este, com o termômetro político já em altíssimo grau de
efervecência.
”Seja como essa discussão caminhe, uma coisa é certa. Nunca mais se poderá lidar
com as concessões do mesmo jeito, depois do estudo do conselheiro Igor de
Freitas. Seu voto foi definidor”, completa executivo de uma operadora que, por
sinal, é a que menos tem a perder com as mudanças.