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Leia na Fonte: O Globo
[06/08/16]
Proposta do governo para lei geral de teles beneficia a Oi - por Danilo
Fariello
Texto permite que companhia destine R$ 7 bi de investimento à banda larga
BRASÍLIA - O governo do presidente interino, Michel Temer, já definiu sua
proposta para reforma da Lei Geral de Telecomunicações (LGT), de 1997. O texto —
costurado pelos ministérios do Planejamento e de Ciência, Tecnologia, Inovação e
Comunicações com os deputados — prevê que os contratos de concessão poderão ser
transformados em autorizações.
Também deixa claro como serão feitos os cálculos do saldo remanescente dos
contratos a ser usado em novos investimentos em banda larga, os chamados bens
reversíveis. Na prática, o texto abre espaço para a Oi reverter mais de R$ 7
bilhões em investimentos para expansão da banda larga, o que aliviaria a
situação financeira da companhia — que pediu recuperação judicial com dívida de
R$ 65 bilhões.
O texto prevê, por exemplo, que “os bens reversíveis utilizados para a prestação
de outros serviços de telecomunicações, explorados em regime privado, serão
valorados na proporção de seu uso para o serviço concedido”. Ou seja, se um bem
é usado para mais de um serviço, o valor dele vai ser medido de acordo com a
proporção usada na telefonia fixa, a depender da análise técnica da Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel).
O texto foi bem recebido pelas teles. Segundo Eduardo Levy, presidente do
Sinditelebrasil, que representa as operadoras, há apoio das empresas ao projeto
e a suas inovações:
— O projeto dá mais segurança jurídica para a retomada de investimentos por
conta das autorizações e da reversibilidade dos bens. É bom para o setor e bom
para o Brasil.
VOTAÇÃO SEMANA QUE VEM
O autor do texto, deputado Daniel Vilela (PMDB-GO), quer votá-lo na próxima
terça-feira, na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e
Serviço (CDEICS) da Câmara. O substitutivo ao projeto original do deputado
Laércio Oliveira (SD-SE), que incorpora as propostas do governo, foi protocolado
nesta semana na Câmara. Depois de aprovada, a matéria ainda tem de passar pela
Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) da Casa, mas dali segue direto para o
Senado.
Segundo o ministro de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC),
Gilberto Kassab, é por meio desse projeto de lei que o governo quer alterar as
previsões da LGT, da época das privatizações. Embora o governo não reconheça, a
situação da Oi pressiona pela rápida aprovação dessas mudanças, para aumentar o
fôlego financeiro da tele.
Para acelerar a tramitação, o governo não incluiu a mudança de destinação do
Fundo de Universalização das Telecomunicações (Fust). A ideia é que esses
recursos bilionários deixem de financiar a expansão de orelhões e outros
serviços de linha fixa para promover a ampliação da rede de banda larga.
— O Fust ia aquecer o debate e prejudicar a tramitação — explicou Vilela.
O projeto traz também a possibilidade de que as operadoras transfiram as
autorizações de radiofrequência a outros interessados, o que hoje é vetado pela
lei. “Esta modificação abre a possibilidade de tal prática no Brasil, permitindo
o uso mais eficiente do espectro por empresas interessadas de menor porte”,
escreveu Oliveira em seu relatório.